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Não é possível apartar os conceitos de política e cidadania. Há um vínculo inclusive de natureza semântica entre as duas palavras, que, objetivamente, significam a mesma coisa.
A noção de política está apoiada num vocábulo grego, polis (cidade) e cidadania se baseia em um vocábulo latino correspondente, civitatem. Embora a origem etimológica seja diferente, os dois termos propõem que se pense na ação da vida em sociedade. 

Hoje, quando temos o direito e a responsabilidade de escolher nossos futuros governantes, e a campanha eleitoral, emblematicamente, se iguala em virulência à de 1990 -quando o Brasil retomava a normalidade constitucional e as liberdades democráticas – é preciso ter claro que o que nós precisamos não é divisão, não é ódio, não é violência,  e sim igualdade, justiça e o resgate da condição de cidadãos, na sua mais elevada acepção, com a erradicação da corrupção e da impunidade, antes que lancem a nossa Pátria amada no fosso. Não precisamos de figuras messiânicas, nós mesmos podemos fazer o certo neste País. Política é hoje sinônimo de sujeira, patifaria, corrupção. Mas política, na verdade, envolve também os partidos, e não se esgota neles. É toda e qualquer ação em sociedade, em família, em instituições religiosas e sociais, nas relações de trabalho. 

O conceito de cidadania está indissoluvelmente ligado ao de democracia. Na antiguidade clássica, ser cidadão era ter participação política.
Ser cidadão, agora, não é só cobrar direitos, mas lutar para conquistá-los e mantê-los. O pleno exercício da cidadania e da democracia estão associados à ideia de igualdade entre os indivíduos. A maioria absoluta  dos compatriotas quer melhorar a qualidade de vida para todos os que vivem em nossa terra. Não se pode perder de vista que o desconhecimento e o desprezo aos direitos do homem conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade. É hora de proclamar, de novo, a fé nos direitos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, dos gays, lésbicas e transgêneros, dos índios e quilombolas. Vamos nos dedicar àquilo que os gregos escreveram tantos anos atrás: domar a selvageria do homem e suavizar a vida no mundo. Desenhar um novo futuro para o nosso País e para a nossa gente, c
onvergindo a clareza dos ideais, a relevância dos temas e a coragem cívica dos posicionamentos. É assim que iluminaremos o debate sobre a governabilidade, o impacto da violência na vida pública, a relação de eleitores e eleitos, o pluralismo, a interação entre os meios e os fins. 

Fiel aos clássicos de sua predileção – Hobbes, Locke, Rousseau, Kant, Hegel -, autor de duas obras-primas de literatura moral e autobiográfica, “Elogio da Brandura” (1994) e “De Senectute” (“Tempo de Memória”, no Brasil, 1996), Norberto Bobbio identificava-se com os clássicos estoicos quando dizia que as virtudes do leigo são o rigor crítico, a dúvida metódica, a moderação, a tolerância. Ou quando assim se definia, resumindo seu legado de sabedoria: “Aprendi a respeitar as ideias alheias, a deter-me diante do segredo de cada consciência, a compreender antes de discutir, a discutir antes de condenar. E já que estou em veia de confidências, faço uma ainda, talvez supérflua: detesto os fanáticos com toda a alma“. 

Neste dia cívico, não olvidemos o que diz o art. 21 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu item  3: “A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto“. Que se cumpra!
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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