Publicado em: 23 de junho de 2025
Sou um otimista irrecuperável. Tive escolhas e escolhi me abraçar à Educação e à Economia Solidária como opções de vida, aí está a prova inquestionável. Mas confesso que ando com “uma pulga atrás da orelha”, na verdade, um cachorro inteiro…
Estamos assistindo, comendo pipoca no sofá, o assassinato de 20 mil crianças em Gaza, que agora morrem mais de fome do que pelas bombas do governo de Israel que passou a adotar a fome como arma de guerra ao bloquear a ajuda humanitária aos palestinos. Claramente não se trata de uma guerra, mas de um genocídio como meio para o controle econômico da região.
A região mais importante como fonte na Sociedade/Economia do Petróleo que ainda hegemoniza o planeta está em acirrada disputa há décadas. A ação estratégica no Oriente Médio exige intervenção militar em função de serem nações milenares que não cedem à dominação cultural como ocorre sobretudo na América do Sul. Intervenção unilateral que já aniquilou Líbia, Iraque, Afeganistão, Síria, Gaza e agora Iran. Antes, Japão, Camboja, Vietnam… Ou seja, não é um conflito, é um método, uma estratégia… política e econômica.
Como qualquer guerra, a manipulação das informações por todos os envolvidos exige de quem assiste, cuidados para checar evidências, sendo a principal, a História. Por exemplo, tal como para invadir o Iraque(2003), usaram a justificativa de que estariam construindo armas de destruição em massa, depois amplamente desmentido, agora é a justificativa de que o Iran está produzindo bomba atômica para atacar Israel. Mesmo tendo o Iran participado e assinado os acordos internacionais contra o uso de armas atômicas… e Israel, que já tem bomba atômica, não. Mais uma vez, só a ciência e sua metodologia de demonstração prática dos argumentos, pode nos ajudar.
Proponho um exercício. Você sabia que há uma outra guerra de grande magnitude em curso, com implicações globais, que não é objeto do jornalismo mundial?
O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) relata que existem mais de 130 conflitos armados em andamento no mundo. Por que escolhem o que vamos ter informação?
Mas estamos nos referindo a Guerra no Congo, onde estima-se que mais de 5 milhões de pessoas tenham sido deslocadas internamente no país. Além disso, cerca de 1 milhão buscaram refúgio em países vizinhos, como Ruanda, Uganda e Sudão do Sul. Em termos de perdas humanas, calcula-se que mais de 6 milhões de pessoas tenham morrido desde o início dos conflitos em meados da década de 1990, muitas dessas mortes atribuídas não apenas à violência direta, mas também às condições precárias, como fome e doenças. Olha a fome aí de novo como arma de guerra. Centenas de milhares foram e seguem afetados pela violência, deixando marcas físicas e psicológicas profundas, como em Gaza e muitos outros territórios. O que estamos plantando enquanto civilização? Seja o que for, colheremos…
Quando buscamos as evidências da Guerra no Congo, encontramos uma complexidade histórica, cultural e política, mas com forte fio condutor econômico. O Congo é um dos maiores exportadores de Cobalto e seu maior comprador é a China. O principal uso do cobalto é na fabricação de baterias recarregáveis, especialmente as de íons de lítio, que são encontradas em veículos elétricos, smartphones, laptops e outros dispositivos eletrônicos. Produtos que constituem uma alternativa tecnológica, econômica e política à Sociedade do Petróleo.
Supostamente, a Guerra no Congo, é uma guerra civil, entre o governo oficial contra o M23, grupo político armado que tenta um outro regime. Contudo, impossível desconhecer que Ruanda tem um papel complexo e controverso nesta guerra. Oficialmente, negam qualquer envolvimento direto com grupos rebeldes, como o M23. No entanto, diversos relatórios de especialistas da ONU e organizações de direitos humanos acusam Ruanda de fornecer apoio logístico, armas e até mesmo soldados para o M23. O governo de Ruanda é influenciado principalmente pelos Estados Unidos e União Europeia, principais acumuladores dos lucros da Sociedade do Petróleo, objeto central das I e II Grandes Guerras.
A estratégia da Sociedade do Petróleo é avançar a sua acumulação de riquezas, renda e poder que hoje também acumula recordes de desigualdade socioeconômica, que também é política, e gera impactos ambientais ameaçadores. Pauta da COP 30 que nestes 30 anos, tem acumulado resistências, de fato, exatamente dos EUA e países da Europa, avessos aos acordos contra a emissão de Gases de Efeito Estufa, cujo principal emissor é o petróleo.
Como estamos assistindo, e até participando, a COP é uma iniciativa que, com todas as limitações, se coloca para a Sociedade em uma dinâmica que pode ter interações democráticas, com a participação de Movimentos Sociais e Cientistas que abrem para o conjunto da Sociedade outras fontes de informação e daí, posicionamento político. Contra isso, há forte reação e busca de esvaziamento da própria COP, combinando críticas à Belém com antecipações decisórias como o peso dado às pré Cop e até o encontro dos presidentes que se dará em Belém, mas antes da abertura oficial da Conferência do Clima.
Movimento em sinergia com toda a construção de estratégias antidemocráticas, em todo o mundo, associando, sistematicamente, notícias falsas(fake news) com iniciativas messiânicas, anticientíficas, e partidarização eleitoral neofascista.
Esta estratégia, está focada em dirigir os valores que cultuamos e as rotinas que cultivamos. Ou seja, a cultura da Sociedade se torna um outro palco, tão eficaz quanto a guerra. Ataques contra o conhecimento científico, como o que que sustenta o incrível terraplanismo, se tornam cotidianos. Estímulos à intolerância à diversidade se proliferam para que as nações não encontrem a identidade que as unem, per si. Ofertas de soluções autoritárias como o 8 de janeiro no Brasil permanecem no horizonte.
O avanço do poder econômico sobre a política cresce, o governo Trump ao articular os maiores bilionários do planeta torna isso eloquente. No Brasil, o alvo em 2026 é o senado para encurralar o STJ e o STF que ainda impõem alguns pontos de resistência constitucional. Enquanto a maioria ainda acha que é o presidente que manda.
Aí, pra solapar o otimismo insistente, a pesquisadora inglesa Laura Bates(BBC), afirma que pela primeira vez, “as atitudes mais misóginas, antiquadas e obsoletas em relação às mulheres e meninas nas redes sociais são mais comuns entre jovens do sexo masculino”. Jovens influenciadores da internet ganham milhões assinando os contratos de “ganhos com a desgraça alheia”, em que ganham percentagem do dinheiro que os apostadores perdem nas bets. Os valores orientam as rotinas. Que cultura social está sendo construída?
A fragmentação com que estes fatos são apresentados, passa a ideia de que são coisas dissociadas e até naturais. Mas tudo isso se conecta como estratégias com resultados inquestionáveis: Os gastos militares no mundo em 2024 foram de 2,7 trilhões de dólares, mais que o dobro do que se reivindica para a superação da Crise Climática, 1,3. Por aqui, só pra pensar, tá? Em 2024, os 20 times de futebol da serie A no Brasil arrecadaram 9 bilhões de reais. O OnlyFans arrecadou 36 bi, 4 vezes mais… quanta solidão, quanta carência…
Precisamos mudar. Precisamos transformar.
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