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Leio no Blog Canal Samaúma – Jornalismo do Centro do Mundo, que o Museu Goeldi, guardião do maior acervo sobre a Amazônia, corre o risco de fechar na COP 30, por falta de recursos que prejudicam a continuidade das suas pesquisas.

Parece que a insensibilidade de nossos administradores vai além do que julgamos. Os recursos públicos escolhem sempre os caminhos mais práticos, aqueles que rendem votos e facilitam a vida individual ao invés da coletiva.

Os Museus guardam o patrimônio material e imaterial de uma sociedade, objetos, obras, documentos, tradições e histórias que ajudam a construir uma identidade social, e se torna preocupante essa possibilidade, no momento em que ocorrerá uma reunião de nações, objetivando estudar providências ligadas à sobrevivência da humanidade.

Informações contidas nos espaços culturais ajudam a construir metas e ações próprias para nossos benefícios. Nosso Museu, com 160 anos de história é uma grande tradição na produção de ciência coletiva. Mantém permanente as lembranças de povos e acontecimentos, funcionando como uma espécie de “memoria viva” da humanidade. Contudo, a escassez de recursos atinge suas metas científicas, ameaça os estudos, as pesquisas e as ações realizadas em benefício da sociedade.

Emílio Goeldi que dá nome ao museu, foi um naturalista e zoólogo suíço nascido em 1859 que se destacou por seu trabalho científico no Brasil, especialmente na Amazônia. Em 1894 assumiu a direção do então Museu Paraense de História Natural e Etnografia, fundado por Domingos Soares Ferreira Penas. Graças a Goeldi o Museu se transformou em um dos principais centros científicos da América Latina. Atualmente é considerado como um dos mais respeitados centros de pesquisa da Amazônia.

A bisneta do naturalista suíço, Lani Goeldi, vem se dedicando a divulgar e preservar o legado da família, tendo realizado uma belíssima exposição no próprio museu, anunciando presença novamente em continuidade desse trabalho por ocasião da COP 30.

Lani tem promovido o trabalho de Emilio, de Oswaldo de quem é sobrinha neta, e do litógrafo alemão Ernst Lohse, proporcionado que as gerações presentes e futuras tenham conhecimento do que esses estudiosos fizeram pela nossa região.

Andei pesquisando sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, tombado como Patrimônio Cultural da Humanidade. Sua importância excepcional na compressão da nossa pré-história, revelando pinturas rupestres, esqueletos e utensílios datados de 50 mil anos, época da pedra lascada do Paleolítico Superior, se deu graças ao árduo trabalho originário de pesquisa da arqueóloga Niède Guidon que soube incorporar a sociedade na exigência de reconhecimento a esse grande sítio arqueológico.

A arqueóloga levanta uma tese de que pode ter havido outra alternativa para a ocupação dos continentes americanos, além da passagem por terra pelo estreito de Bering, por exemplo, através de ilhas que estiveram emersas no oceano atlântico que apresentava menor nível de água após a era glacial permitindo a navegação gradual do Homo Sapiens.

A história da humanidade se constrói por estudos, pesquisas, experimentações, conclusões e resultados, e as administrações devem priorizar suas metas em torno da preservação e incentivo cultural através da história e resultados que o ser social se submete.

As pesquisas desempenham um papel central no futuro da humanidade. Cientistas, arqueólogos, historiadores, pesquisadores, revelam a partir de seus estudos, novos conhecimentos e resultados sobre a vida, a ciência e o pensamento das épocas passadas visando o pensamento das épocas futuras.

Ernane Malato
Ernane Malato é escritor, poeta e jurista, especialista em Direito Constitucional pela UFPA, mestre em Filosofia do Direito, área de Direitos Humanos pela PUC/SP, professor e pesquisador da Amazônia em diversas áreas sociais e científicas no Brasil e no Exterior, membro das Academias Paraenses de Letras; Letras Jurídicas; de Jornalismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Pará. Exerceu funções de magistrado estadual e atualmente atua como cônsul honorário da República Tcheca na Amazônia.

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