Publicado em: 3 de dezembro de 2015
Será na próxima segunda-feira, dia 7, a primeira reunião do grupo de trabalho que vai discutir a implantação do complexo siderúrgico de Marabá, no sudeste do Pará. Na ocasião, a companhia argelina Cevital apresentará formalmente projeto de uma siderúrgica, em parceria com a Vale. Parte da produção viabilizaria o polo metal-mecânico de Marabá, e a outra parte seria destinada à exportação, escoada via rio Tocantins, em pequenas barcaças – que podem navegar a maior parte do ano mesmo sem o derrocamento do Pedral do Lourenço – e por outros modais, inclusive a ferrovia. O investimento geraria dois mil empregos diretos, além de 10 mil indiretos, quando em operação. O grupo, presidido pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, Adnan Demachki, tem dez membros, indicados pelo governo do Estado, Vale, Assembleia Legislativa, Federação das Indústrias do Pará, Associação Comercial e Prefeitura de Marabá.
A Cevital já tem planos de investir na cadeia produtiva do agronegócio (agricultura, pecuária, beneficiamento de soja) e também nos setores logístico e de siderurgia de diversos municípios do Pará, como Vila do Conde(Barcarena), Paragominas, Santana do Araguaia, Marabá e Santarém. Pretende, ainda, integrar um consórcio para disputar a concessão da Ferrovia Paraense (Fepasa) e fornecer os trilhos por meio de sua siderúrgica na Itália, projeto que está na fase de estudos do impacto ambiental.
O primeiro projeto deverá ser implantado na área do porto de Vila do Conde, que receberá uma refinaria de óleos vegetais e uma linha de produção de ração para gado. A criação de um frigorífico para exportação de carne para a Argélia também está nos planos da empresa. O aporte desses recursos foi negociado desde o início deste ano pelo secretário de Estado Adnan Demachki, nomeado pelo governador Simão Jatene principal interlocutor do governo junto ao setor produtivo.
A Vale, por sua vez, continua a conversar com Adnan Demachki, que avalia terem as negociações avançado, de forma que atenda aos interesses do Pará. A mineradora agora concorda em não mais vincular a execução da siderúrgica em Marabá a várias condicionantes, como, por exemplo, o derrocamento do pedral do Lourenço, prometido pelo governo federal há mais de cinco anos, para viabilizar a hidrovia Tocantins-Araguaia, e nunca cumprido (o edital, lançado recentemente, não encontrou interessados, diante do preço subdimensionado).
Malgrado a localização estratégica dos portos do Pará, muito próximos da Europa, EUA e África, os produtos brasileiros perdem competitividade face à distorção da matriz de transportes, que chega a dobrar de preço por causa do custo do frete rodoviário, paradoxo histórico que está finalmente posto em evidência nacional.
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