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A vasta obra desse italiano contribuiu para plasmar a cultura política e jurídica de seu tempo e ainda hoje. Seu magistério intelectual e moral é mais importante até do que sua produção científica, símbolo e consciência crítica da cidadania.

Para celebrar o centenário do nascimento de Norberto Bobbio, que faleceu em 2004 e foi ator importante no combate intelectual que conduziu ao confronto entre o nazi-fascismo, o comunismo e a democracia liberal – militante da Resistência antifascista, rejeitou o filósofo fascista Giovanni Gentile e de certo modo tentou a síntese entre o historiador Benedetto Croce, senador vitalício e personagem maior do liberalismo italiano, e o pensador marxista Antonio Gramsci, líder do partido comunista -, a Itália promove ampla programação
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Os problemas da relação truculenta entre ética e política, a leveza, a erudição e o classicismo de seu pensamento filosófico e político estão em seus Ensaios, que guardam irresistível sabor narrativo e ético-histórico, e revisitam eternos postulados teóricos do debate filosófico: a liberdade, a igualdade, a tolerância e o pluralismo, a matizar uma concepção de justiça.
Pesquisador incansável, pensador persistente, homem da cultura com relevante influência política e social – que não se esgota na estratificação político-partidária -, homem da escrita, da polêmica contundente, de convicções e temores, Bobbio professa um pensamento coerente e exigente estribado nos valores de uma sociedade livre, democrática e laica capaz, pela prática do diálogo e da tolerância, de vencer suas dificuldades e realizar promessas de progresso e desenvolvimento.
Parte de uma reverência especial das lições dos seus mestres intelectuais e de vida: Kant, Rousseau, Hobbes e Kelsen – mas também Benedetto Croce, Max Weber, Solari, Schmitt -; Passerin d’Entreves, Luigi Einaudi, Renato Treves e Giole Solari. Continua nos exemplos de Aldo Capitani, Rodolfo Monfoldo e Leone Ginzburg, que marcam sua ligação a “essa minoria de nobres espíritos que defenderam até ao fim, uns com o sacrifico da própria vida, nos anos duríssimos, a liberdade contra a tirania, a tolerância contra o atropelo, a unidade dos homens acima das raças, das classes e das pátrias, contra a divisão entre eleitos e réprobos” para preencher os caminhos de uma vida intelectual plena como homem da razão e da tolerância.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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