0
 



Este momento para a nossa família é muito especial. É difícil descrever em função do seu brilho: estamos aqui a comemorar com pessoas tão ilustres o centenário de um ser que, para nós, foi iluminado, que nos mostrou o caminho do amor, do respeito, da gratidão, da paz e do bem. Certa vez, disse-me: “Júnior, ame o seu inimigo”. “Júnior o que é do outro é sagrado”. Estamos a falar do nosso amado Pai Leonam Gondim da Cruz.

Confesso a todos que, até hoje, convivi com poucas pessoas humildes de espírito, e o imortal Leonam Gondim da Cruz foi uma dessas pessoas. Não possuía orgulho algum.
O evangelho nos revela que humilde significa ser pobre de espírito. E pobre de espírito é aquela pessoa que reconhece a importância de Deus; que prega e coloca em prática seus ensinamentos; que tem em mente que sem Ele não somos, absolutamente, nada. Era assim que pensava o nosso Pai.

Lembro-me, certa vez, lá pelos idos de 2000, que Papai teve um pequeno AVC e a Guiomar, que é médica, fez aquele teste rápido do RBFH — Rosto, Braço, Fala e Horário, e perguntou para ele: “Papai, quem é o senhor?”. Ele disse quase perdendo os sentidos: “Eu não sou nada”.

Esse homem virtuoso, que se chamou Leonam Gondim da Cruz (Manoel de trás para frente), teve como Pai o português Albino Apolinário da Cruz e Mãe a colarense Leopoldina Gondim da Cruz. Casou-se com Myriam Florentina Von-Lhormann Cruz e teve quatro filhos, Carlyle, Guiomar, Marinez e eu, seis netos e seis bisnetos.

Destaco, aqui, alguns de seus livros: Comentários à Nova Lei do Inquilinato (ano 1991, lançado pela editora Cejup, a pedido do nosso confrade Gengis Freire); Caixa de Memórias (Edy, no meu gabinete no Tribunal de Justiça, emoldurado, está aquele poema “Da Caixa de Memórias” que fizeste sobre esse livro do Papai); Sons da Vida; Rosário de Contos, etc. Periodista dos jornais “A Província do Pará, “Diário do Pará”, “O Liberal”. Vencedor de inúmeros concursos literários, ressaltando-se que, em casa, já não havia mais Iugar para se colocar medalhas de premiações, tanto nacional como internacionalmente.

Papai amava os amigos. Tudo que fazia era com amor. Esta academia era a sua casa. Trouxe-me aqui quando eu tinha 19 anos de idade. Presenciei grandes momentos de imortais como Hilmo Moreira, José Ildone, Alonso Rocha, Acyr Castro e tantos outros. Vi debates acalorados, mas sempre com ética e respeito. Convivi, também, com a professora e escritora Lindanor Celina. Meu Pai oportunizou-me dias inesquecíveis nesta academia. Contar a história sobre Ruy Barbosa/Monteiro Lobato/Acyr Castro e Papai. Lembrar, portanto, do Antônio Tavernard e contar a história.

Pai, eu queria te dizer
Que és a pessoa mais importante para mim, Nunca te esqueci.
Um dia, estaremos juntos Para falarmos de Poesia, Interpretar seus belos contos.
Deus se encarregará desse encontro.

Pai, certa vez disseste:

Ama o teu inimigo. É o que tento fazer. Não é fácil.
Estou seguindo teus passos, Pai, sorria,
Neste exato momento estamos comemorando Os teus cem anos aqui na academia.

  • Discurso proferido na sessão memorial da Academia Paraense de Letras, alusiva ao centenário de Leonam Gondim da Cruz.
Leonam Gondim da Cruz Jr
Leonam Gondim da Cruz Jr. é Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, ex-presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Pará, MBA em Direito Civil, Processo Civil e Consumidor, Especialista em Direito Agrário e Doutor em Direito Constitucional. Escritor de livros jurídicos e infantojuvenis e conferencista, é autor de dezenas de artigos publicados, membro das Academias Paraenses de Letras e de Letras Jurídicas, e membro honorário da Academia Paraense de Jornalismo.

Prefeitura desobstrui ruas e apreende veículos irregulares

Anterior

Comandante da PMPA institui segurança e carro em benefício próprio

Próximo

Você pode gostar

Mais de Cultura

Comentários