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A Companhia Docas do Pará está, literalmente, à deriva. Desde a semana passada, seus diretores de Gestão Portuária, Socorro Pirâmides, e Olívio Gomes (presidente interino) largaram suas atribuições, sem nomear substitutos para decisões e providências urgentes, e foram para Brasília, onde se engalfinham para galgar a presidência da CDP ou pelo menos se manter nos atuais cargos.

A respeito da postagem CDP em chamas, o ex-presidente da CDP, Clythio Raymond Speranza Backx Van Buggenhout, enviou ao blog o seguinte comentário, que publico em destaque, com a minha resposta:


Cara Frassinete – agora que não sou mais um “pseudo-notável” no cenário, vamos fazer uma “errata” do post, ou de parte dele – acho que a CDP tem que fazer o trabalho dela pela sociedade, e sumir do noticiário político, policial, social, etc. Um dia, a sociedade tem que se interessar pelo resultados econômicos e ver a CDP como fator de geração de desenvolvimento, deixando de enxergar “o casarão” como uma versão local do BBB, ou da “Casa dos Políticos”..
Vamos lá: Nunca fui e nem sou filiado a partido algum, e como outros nomeados pelo Ministro Pedro Brito, fui indicado por currículo – admiro mas não conheço o Dep. Ciro Gomes pessoalmente, e o Ministro não me conhecia antes da indicação técnica. Mas tenho boas amizades nos partidos locais, onde existem sempre bons quadros, incluindo aí o PT e o PSB.
Nunca pedi permissão ao Ministro para praticar atos de competencia do DIRPRE segundo o Estatuto Social, porque desde o início tive independência para isso. Pratiquei as substituições que julguei necessárias à montagem de uma equipe renovada – diversos outros nomes internos foram também substituídos. Nunca demiti um diretor, e isso não está na alçada do DIRPRE. Claro que houve um período de adaptação e algum atrito, afinal, cheguei “por último”, e isso é natural numa diretoria de pessoas com diferenças de cultura, crença, postura política, etc., mas em dois anos nenhuma decisão da Diretoria Executiva deixou de ser unânime – a desunião ou clima de atrito permanente descrito sempre foi criação ou desejo dos que gostariam que assim fosse – haviam discordâncias negociadas e resolvidas – se houvesse tal hostilidade, os resultados que a CDP alcançou (podemos falar mais sobre isso), teriam sido impossíveis em apenas dois anos. Tive na Socorro grande parceira de Diretoria, com enorme dedicação e capacidade complementar à minha, assim como no Olívio, que, funcionário da casa, sempre tinha a visão histórica da empresa nas decisões que foram tomadas.
O número de estagiários, e principalmente, os gastos com mão de obra terceirizada, há dois anos, estavam BEM ACIMA dos números atuais – muito está sendo feito, e além da empresa estar no limite de seu efetivo autorizado – não pode admitir agora, mesmo que por concurso – os salários iniciais do nível superior são baixos e não permitiriam fixar os profissionais.
É natural que o Ministro deixe interino alguém de seu partido, já que ainda não foi definido o novo Presidente que, esperamos, seja técnico e competente, com ou sem vinculação partidária. A CDP vive um momento virtuoso, e apesar de nunca ter me deixado apegar ao cargo, foi com pesar que deixei a Presidencia da CDP, período duro mas que nunca vou esquecer, porque tenho certeza que 2010 vai ser mais um ano desse ciclo.
E por último, de fato os salários base precisam ser revistos (tem muitos no prédio sede que ganham pouco) e estão sendo, através de proposta de Plano de Carreiras já finalizado e sob análise do Min. Planejamento, mas a REMUNERAÇÃO MÉDIA MENSAL na CDP está na faixa de 4 a 5 mil reais, no geral dos mais de 300 funcionários, e não há motivo para os “anônimos” criticarem contratações temporárias para atender à demandas também temporárias, desde que dentro da lei. Coisa de funcionário insatisfeito, gente que se acha merecedor de cargos de confiança e está de fora… – sds, Clythio.”
Resposta do blog:
Comandante Clythio, com todo respeito, contesto sua versão.

É verdade que o corpo funcional da CDP anseia o resgate de sua auto-estima, tão abalada com as consequências de ações temerárias tomadas por alguns de seus dirigentes do passado. Entretanto, a Companhia permanece sob investigação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Isto é fato público e notório.

O Sr. pode não ser filiado a partido político, mas ninguém ignora que a sua indicação por um grupo local foi apadrinhada pelo deputado federal Ciro Gomes (PSB). Tanto que a CDP ficou acéfala um tempão, prejudicando em muito o seu desempenho, em função da verdadeira guerra política pela sua diretoria.

O Sr., como homem educado, e até por questão ética, naturalmente minimiza o clima hostil que sempre houve, sim, na sua diretoria, e do qual até as nuvens que cobrem a área portuária sabem. O Sr. foi, sim, ao ministro, em busca de apoio para as decisões que achou por bem tomar. E, em meio a uma violenta discussão, mesmo não tendo competência para isso – mas diante do repto que lhe foi lançado ao rosto por ela, reagiu e exonerou a diretora de Gestão Portuária -, o que não chegou a ser oficializado, é lógico.

Tais “discordâncias“, como o Sr. eufemisticamente diz, jamais foram resolvidas. Prova disso é que a diretora Socorro Pirâmides, que era sua sucessora eventual, foi lançada para escanteio antes da sua saída, o que acirrou ainda mais os ânimos, chegando ao ponto de, desde a semana passada, os dois diretores estarem em Brasília lutando por cargos, enquanto a empresa está sem eira nem beira, visto que os dois nem se preocuparam em nomear substitutos interinos para dar seguimento a importantes trabalhos desenvolvidos nos portos do Pará – o que acarretará prejuízos ao Erário, e pelos quais deverão ser responsabilizados pessoalmente.

Como se vê, a missão da CDP, seu quadro funcional e suas obrigações para com o Estado do Pará não são levadas a sério e não têm a mínima importância para os que deveriam pilotá-la. O que é lamentável e, espera-se, seja objeto de pronta ação do Minist
ério Público Federal e do Tribunal de Contas da União.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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