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No último 10 de outubro foi inaugurada, em Belém, a Casa Niaré, um espaço multifuncional concebido para fortalecer o empreendedorismo indígena e comunitário. Localizada na Rua Bernal do Couto, nº 791, no bairro Umarizal, a iniciativa, que se assume como um legado concreto da COP30, e se propõe a conectar saberes ancestrais com inovação, ética e sustentabilidade, sendo um polo de formação, criação e comercialização de produtos da floresta.

Idealizada por lideranças e organizações que atuam há anos na valorização dos territórios e culturas da floresta, a proposta integra diferentes dimensões de atuação para impulsionar um ecossistema de negócios sustentáveis e regenerativos, conduzidos pelos próprios povos da Amazônia: centro de formação e mentoria, espaço de coworking, loja e galeria de arte, café funcional e área para eventos. Tudo isso orientado pelo propósito de aliar a potência criativa e produtiva das comunidades amazônicas a estratégias modernas de gestão e inovação.

Segundo Marcelo Salazar, um dos idealizadores, a Casa Niaré pretende demonstrar que o valor econômico da floresta em pé é imenso, mas ainda subestimado. “Nosso papel é garantir que os próprios povos da floresta liderem os empreendimentos que valorizam seus saberes, territórios e modos de vida”, afirma. Essa visão se reflete na estrutura do espaço, pensada para acolher processos formativos, criativos e comerciais que respeitem a diversidade e a autonomia das comunidades.

O Café Funcional da Floresta, que também abrigará eventos culturais e corporativos, reunirá produtos e marcas autênticas de povos indígenas e comunidades tradicionais, com curadoria de baristas e chefs indígenas convidados. O ambiente foi concebido para proporcionar experiências sensoriais que unam gastronomia, cultura e sustentabilidade.

Ao lado, a Loja e Galeria de Arte da Floresta Amazônica oferecerá ao público o contato direto com a produção artesanal, artística e simbólica de mais de sessenta iniciativas comunitárias. A curadoria é assinada pela Tucum Brasil, em parceria com a Urucuna e a Da Tribu, que desenvolvem há anos ações voltadas à valorização da arte, da moda e dos materiais sustentáveis da Amazônia.

Outro pilar essencial é a Sala de Trabalho para Negócios da Floresta, que funcionará como um coworking e centro de mentoria para empreendedores indígenas e de base comunitária. A primeira jornada de formação acompanhará dez empreendedores ao longo de um ano, com etapas práticas de gestão, comercialização, comunicação, certificações e acesso a investidores. A proposta é criar condições reais para que negócios nascidos nos territórios tradicionais prosperem de forma autônoma e sustentável.

A rede de parceiros que sustenta a Casa Niaré é formada pela Tucum Brasil, plataforma que promove a arte e a cultura indígena em todo o país, atua ao lado da Mazô Maná, empresa de impacto focada em nutrição funcional e serviços socioambientais, da Urucuna, que combina saberes ancestrais e inovação tecnológica em produtos regenerativos, e da Da Tribu, marca de moda parauara especializada em joias orgânicas e biomateriais produzidos a partir da borracha nativa da Amazônia. A gestão financeira será conduzida pela Impact Not a Bank, organização voltada à transparência e eficiência em projetos de impacto socioambiental.

Entre os parceiros institucionais e estratégicos estão o Fundo Vale, a Amazon Investor Coalition e a Amaz/Zoma. A Casa também se articula com entidades de base, como a Aymïx – Associação Yudjá Mïratu Xingu e o Instituto Kabu, que representam redes indígenas e ribeirinhas comprometidas com a defesa do Corredor Xingu de Diversidade Socioambiental.

Na direção e coordenação da Casa Niaré, Amanda Santana responde pela direção criativa; Ligia Tatto, pela direção operacional; Marcelo Salazar, pela estratégia; Tainah Fagundes, pela direção territorial; e Renata Faria, pela direção executiva. O projeto conta ainda com o apoio de dezenas de organizações comunitárias em estados da Amazônia, entre elas a Amocreq-CPT, Amora, Amoreri, Instituto Kabu, Coopavam e Hutukara, que representam povos e territórios de Pará, Rondônia, Mato Grosso, Amazonas e Roraima.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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