Na última terça-feira, 10 de dezembro, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) destacou o cenário preocupante de três doenças transmissíveis que afetam a região das Américas: dengue, Oropouche e gripe aviária (H5N1). O diretor da OPAS, Jarbas Barbosa, alertou sobre o aumento expressivo de casos em 2024, mas reafirmou que estratégias de controle e mitigação estão disponíveis para combater esses surtos.
As Américas enfrentam sua pior epidemia de dengue desde o início dos registros em 1980, com mais de 12,6 milhões de casos notificados em 2024 — quase três vezes mais que no ano anterior. Desses, mais de 21 mil evoluíram para quadros graves, resultando em 7,7 mil mortes. Os países mais afetados, responsáveis por 90% dos casos e 88% das mortes, incluem Argentina, Brasil, Colômbia e México, sendo o Brasil o mais impactado.
Barbosa destacou que crianças estão particularmente vulneráveis à doença. Em países como a Guatemala, 70% das mortes ocorreram entre menores de idade, e em nações como Costa Rica, México e Paraguai, menores de 15 anos representam mais de um terço dos casos graves.
Fatores como eventos climáticos extremos, urbanização desordenada, acúmulo de água e má gestão de resíduos têm facilitado a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. Apesar do cenário de alarme, o diretor da OPAS reforçou que “não estamos indefesos contra a dengue”. Ele destacou a Estratégia de Gestão Integrada para Prevenção e Controle de Arboviroses da OPAS, que visa reduzir casos graves e fatais por meio de um melhor manejo dos pacientes.
Embora a introdução de vacinas contra a dengue em países como Brasil, Argentina e Peru represente um avanço, Barbosa ressaltou que elas não têm impacto imediato em surtos. “A vacina atual não impedirá a propagação do vírus a curto ou médio prazo”, afirmou.
O vírus Oropouche, transmitido por maruins infectados e alguns mosquitos, também tem mostrado uma crescente expansão. Em 2024, foram registrados mais de 11,6 mil casos em 12 países, com o Brasil liderando as notificações. “Embora em escala muito menor que a dengue, a disseminação geográfica do Oropouche fora da Bacia Amazônica exige atenção redobrada”, alertou Barbosa.
A possibilidade de transmissão materno-infantil e complicações como mortes fetais e anomalias congênitas estão sendo investigadas. O diretor da OPAS enfatizou a necessidade de reforço na vigilância e colaboração transfronteiriça para monitorar casos e apoiar os sistemas de saúde.
A gripe aviária (H5N1) apresentou aumento nos casos humanos em 2024, com 58 notificações nos Estados Unidos e uma no Canadá, um salto significativo em relação aos anos anteriores. Embora o impacto na saúde pública humana seja considerado moderado, a OPAS alerta para os riscos associados à transmissão entre animais e humanos.
O H5N1 foi detectado em 19 países das Américas, afetando principalmente aves, mas também outras espécies, como o gado leiteiro nos Estados Unidos. Barbosa sublinhou a importância de integrar os setores de saúde humana, animal e ambiental para garantir a detecção precoce e respostas rápidas.
O diretor da OPAS destacou a importância da cooperação entre os países para combater os surtos de forma coordenada. “Quando os países compartilham informações e alinham suas respostas, vidas são salvas”, afirmou Barbosa.
Foto: OPAS/OMS/David Spitz/Divulgação
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