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Com a proposta de promover o diálogo entre ciência, inovação e saberes tradicionais, foi aberto na última segunda-feira, 21 de julho, no auditório do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Belém, o evento “Vozes da Floresta”, que marca o início da segunda edição do programa nexBio Amazônia. A iniciativa, realizada pela Swissnex no Brasil, pela Leading House Latin America (University of St. Gallen) e pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), reúne até 1º de agosto empreendedores, pesquisadores e representantes de comunidades tradicionais da Amazônia, em uma programação que passa por Belém e Manaus, com foco no desenvolvimento de modelos econômicos sustentáveis e resilientes.

O programa foi lançado em 2023 e, nesta edição, conta com a participação de 14 startups e nove pesquisadores da Suíça e do Brasil. As atividades incluem imersões com especialistas em bioeconomia, visitas técnicas, workshops e diálogos com lideranças de comunidades indígenas e extrativistas. O evento de abertura foi mediado por Pedro Capra, líder de Programas de Relações Acadêmicas da Swissnex no Brasil, e contou com a presença de Pietro Lazzeri, Embaixador da Suíça no Brasil, e Vincent Neumann, Head of Programs da Swissnex. Também participaram Dário Kopenawa, vice-presidente da Associação Hutukara Yanomami; Ellen Acioli, especialista para a Amazônia no Banco Interamericano de Desenvolvimento; Luciana Abade, coordenadora de Mobilização da Presidência da COP30; Nilson Gabas Jr., diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi; e Tuany Missine, Senior Investment Officer no IDB Lab.

Em sua fala, Vincent Neumann ressaltou que o nexBio Amazônia é parte de uma agenda estratégica de longo prazo que integra o Road to Belém, programa de cooperação internacional entre Brasil e Suíça voltado para a bioeconomia amazônica e que se estende além da COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, prevista para novembro em Belém. Ele destacou que a meta é ampliar até 2028 as conexões entre empreendedores, pesquisadores e comunidades locais, criando soluções sustentáveis, éticas e adaptadas aos desafios amazônicos. “A Suíça é líder global em inovação e o Brasil é extremamente rico em saberes tradicionais e biodiversidade. O nexBio Amazônia une o melhor dos dois países e viabiliza soluções éticas, cocriadas e alinhadas aos desafios da região amazônica”, afirmou.

O evento ouve lideranças indígenas apresentarem suas perspectivas sobre a importância da floresta como eixo central das estratégias climáticas globais. Dário Kopenawa enfatizou que a COP30 deve ser um momento de escuta e protagonismo para os povos originários, cuja contribuição para a preservação da Amazônia é decisiva. “A COP 30 tem que dar voz aos povos indígenas e mostrar o conhecimento tradicional. Nós queremos colocar as nossas opiniões dentro da COP 30 para contribuir com nossas ideias de preservação, de cuidar da floresta amazônica e do povo da floresta”, disse o líder Yanomami.

Luciana Abade, coordenadora de Mobilização da COP30, reforçou o impacto positivo do nexBio Amazônia ao promover debates integrados com as comunidades. “A gente teve um debate muito bom sobre a importância dos povos da floresta e dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas. A gente espera que a participação da Suíça na COP seja muito grande. Vai ser uma contribuição muita rica para o Brasil e para a conferência”, afirmou.

As atividades do nexBio Amazônia, que se estendem até 25 de julho em Belém e entre 28 de julho e 1º de agosto em Manaus, incluem visitas técnicas ao Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá, ao Centro de Empreendedorismo da Amazônia e a comunidades extrativistas, além de oficinas sobre inovação e modelos de negócios sustentáveis. Na capital amazonense, estão previstas mentorias, encontros com startups, debates acadêmicos no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), além de participação no Bioeconomy Amazon Summit (BAS).

O programa nasceu de uma série de pesquisas de campo iniciadas em 2022 e estreitou as relações entre instituições brasileiras e suíças. Em 2024, teve sua primeira edição oficial com resultados positivos na articulação entre ciência, inovação e comunidades locais. Segundo Pedro Capra, a segunda edição reforça a importância da escuta ativa e da sensibilidade cultural. Ele destaca que o “convida os participantes a praticarem a escuta ativa, mergulharem na riqueza da biodiversidade local, entenderem as regulamentações específicas da região e suas dinâmicas culturais e desenvolverem soluções em estreita parceria com especialistas locais”.

O Road to Belém, que dá suporte ao nexBio Amazônia, abrange ainda iniciativas como a exposição “O Legado Suíço-Brasileiro na Amazônia: Arte, Ciência e Sustentabilidade”, a reconstrução sustentável da Casa Goeldi, o Desafio Suíço-Brasileiro de Inovação e Sustentabilidade, a Planetary Embassy na COP30 e o Pavilhão Suíço na Green Zone da conferência. 

A edição 2025 do nexBio Amazônia conta com apoio de instituições como Cesupa, Universidade Nilton Lins, INPA, IDESAM, Parque Guamá, Sesc, ABDI, Semas-PA, Fundação Paulo Feitoza, Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), Amazônia 4.0 e Impact Hub Manaus. Mais informações sobre a programação e participantes estão disponíveis no site oficial.

Foto: Nailana Thiely

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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