A saga vivida pela Estação das Docas, Mangal das Garças e Hangar Centro de Convenções da Amazônia rende um filme de ação e mistério. O problema é que os recursos que estão em jogo são públicos. É hora de lançar holofotes sobre o caso e dar um basta aos últimos acontecimentos que põem em risco o patrimônio coletivo.
Quando o atual presidente, Alano Luiz Queiroz Pinheiro, assumiu a Organização Social Pará 2000 em dezembro de 2015, substituindo Gabriela Landé, de pronto trocou os fornecedores de serviço e terceirizou o estacionamento, sem ouvir os diretores nem os gerentes, que só souberam quando o contrato estava assinado. A primeira reunião com a equipe de gestão só foi realizada cerca de um mês depois. O clima, que já estava ruim, azedou de vez quando o novo dirigente falou que “se a corda esticasse para o lado dele, poderia até sair, mas faria um escarcéu na OS”. Com os empreendedores clientes, só reuniu 60 dias após a posse. E nessa ocasião disse, ao ser indagado sobre o estacionamento, que “havia roubo”. Todos ficaram impactados. E pediram explicações, nunca dadas, assim como não foi justificada a terceirização e o aumento da tabela.
Consta em relatos, digamos, palacianos, que a ex-presidente da OS Gabriela Landé teve um bate-boca com Alano Pinheiro na antessala do governador Simão Jatene. Babado fortíssimo, como se diz no linguajar popular.
Há mais.
Biólogo com doutorado em Tecnologia Ambiental na Alemanha, Igor Seligman foi quem montou o projeto do Mangal das Garças na área de fauna e flora. Descoberto pelo secretário de Estado de Cultura, Paulo Chaves, foi mantido na gestão do parque, e era o representante dos funcionários da Pará 2000 no Conselho de Administração.
Alano Pinheiro demitiu Igor e para o cargo contratou uma bacharel em Biologia, sem registro no Conselho Regional, que confessadamente nunca havia pisado em um parque ambiental. Solução: contrataram um biólogo só para assinar papeis, que nem ao parque estava indo.
Para justificar junto ao governador a demissão, Alano acusou Igor de comprar comida superfaturada. Reuniu documentos, do tipo pressão para a compra de alimentos destinados aos animais do Mangal, nos quais o pesquisador advertia que tanto ele quanto o presidente eram responsáveis civilmente caso acontecesse um prejuízo à fauna. E só não faltou comida no parque porque os técnicos do Mangal, com as amizades no Museu Emílio Goeldi, “emprestaram” comida para os bichos.
A compra de comida superfaturada não era verdade. A ração dos animais tem um único fabricante no Brasil, em Minas Gerais, especializado em alimento para zoológicos, e desde o começo era o fornecedor do parque. O fato é que então arranjaram um fornecedor de alimentos em Belém, que manda buscar a rações do mesmo fabricante. E, não se sabe o porquê, passaram a entregar os alimentos no Mangal só à noite.
Achando que Igor Seligman era da equipe de Paulo Chaves, Alano Pinheiro exigiu que o estudioso renunciasse à cadeira de conselheiro da OS. Ele renunciou, mas voltou atrás. Aí Alano demitiu o Igor sem considerar a questão técnica do Mangal.
A Jardim Paisagismo, de Nazaré Chaves, desde a construção faz a manutenção do parque. A OS, entretanto, deve horrores para a empresa. A coisa ficou complicada e a realidade é a manutenção prejudicada do parque.
Só as verbas rescisórias do pessoal demitido já ultrapassam os R$300 mil.
A gestão operacional dos três espaços vem gerando – quem diria! – outros tipos de conflito. No lugar de uma engenheira, entrou um coronel reformado da PM, ex-diretor da penitenciária de Americano. Conclusão: telefones de empresários clientes da OS e de funcionários foram grampeados, segundo denúncia que agita os bastidores do complexo gastronômico-artístico-cultural parauara. Salve-se quem puder!
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