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Avaliação das Artérias Coronárias por Imagens

A avaliação do coração e das artérias coronárias deve-ser feita pelo cardiologista ou clínico que acompanha o paciente através da história clínica, que inclui os antecedentes, hábitos de vida e fatores genéticos, bem como o exame físico e os ditos exames complementares.

Estes, por sua vez, dividem-se em dois grupos: os chamados métodos gráficos e os métodos de por imagem. Os métodos gráficos consistem em Eletrocardiograma, Teste ergométrico em esteira com esforço, avaliação por monitorização da atividade elétrica de 24 horas (Holter) bem como, se necessário, a avaliação da pressão arterial de 24 horas (MAPA).

Dentro dos denominados Métodos de diagnóstico por imagem temos um vasto leque à disposição da classe médica. Desde a simples radiografia do tórax onde podemos visualizar o tamanho do coração, modificações na sua forma, repercussões sobre a vascularização pulmonar (edema pulmonar), calcificações dos grandes vasos como aorta e as vezes das próprias coronárias. Em seguida podemos lançar mão de vários outros métodos de imagem mais complexos e avançados como a ecocardiografia (US), o estudo com Medicina Nuclear (Radioisótopos), o cateterismo cardíaco (hemodinâmica) e ainda a Tomografia Computadorizada (TC) e a Ressonância magnética (RM).

No início desta década, a introdução dos equipamentos de tomografia computadorizada mutislice (múltiplos cortes) permitiu redução substancial do tempo de aquisição das imagens e, por conseguinte, foi possível que órgãos em movimento constante como o coração pudessem ser avaliados de melhor forma, sobretudo com a sincronização do ciclo cardíaco com o monitoramento do paciente e se necessário utilização de drogas que reduzem a frequência cardíaca como os beta-bloqueadores. O paciente deve estar de jejum de 6 horas antes do procedimento, não ter história de alergia a meios de contraste à base de iodo, pois serão introduzidos por via endovenosa cerca de 90 a 150 ml de contraste sob infusão com bomba pneumática. O exame é realizado na mesa do aparelho de Tomografia quando o paciente sob monitoramento cardíaco estiver igual ou abaixo de 70 batimentos por minuto. O exame é precedido de uma varredura sem contraste para realização da localização anatômica (Scout view) e do escore de cálcio (Cálcio score), aonde podem ser identificados o nível de depósito de cálcio nas coronárias e confrontar o percentual encontrado com tabelas preexistentes da Associação Americana de Cardiologia, e com isto saber do risco de desenvolver doença coronariana e infarto agudo do miocárdio. Após esta primeira fase que dura alguns segundos, a mesa de exame volta para a posição inicial e é realizada desta vez a fase com contraste endovenoso que leva o paciente a sentir por cerca de 10 segundo uma sensação de calor no corpo, que é dado pelo meio de contraste iodado. Findo isto, que dura poucos segundos também, o exame está encerrado e o paciente liberado para ir para casa com vida normal.

O trabalho agora resume-se em reconstruir com software avançado as imagens obtidas e elaborar o laudo final. O estudo permite, primeiro, avaliar a anatomia do coração e das artérias coronárias, se existe obstrução por placas calcificadas ou não, portanto é possível visualizar as placas ditas moles (componente só de lipídios ou gordura), quantificar o grau de redução de calibre delas, presença ou não de circulação colateral, zonas de comprometimento do músculo cardíaco e permeabilidade das coronárias após cirurgia de revascularização, bem como a situação das coronárias após angioplastia ou colocação de stents.

Portanto, o estudo das coronárias por Tomografia é um método maduro, muito bem estabelecido, seguro, pouco cruento quando confrontado com o cateterismo cardíaco e deve ser utilizado como rastreamento nos pacientes que apresentem indicação como história familiar importante, dislipidemias, angina instável, etc…

O leitor pode estar perguntando, e o cateterismo cardíaco? Este continua mais atual do que nunca e até aumentando de número ultimamente, porque com o advento da TC das coronárias mais casos estão sendo diagnosticados de forma mais precoce, mesmo em pacientes com teste de esforço negativo.

Acreditamos cada vez mais que o estudo por cateterismo das artérias coronárias vai ser realizado com finalidade terapêutica, reduzindo assim as cirurgias cardíacas de revascularização a casos reservados e a Tomografia Computadorizada das Coronárias passará a ser o método “padrão ouro” para diagnosticar estas patologias.

 

Dr. Arthur Lobo – CRM 3355 PA
Médico formado pela UFPA em 1981, Internato na Universidade de Miami- USA, Residência Médica no IERMN-RJ 1982-1984, pós-graduado no MGH Harvard Medical School, membro titular do Colégio Brasileiro de Radiologia, médico radiologista do Hospital Ophir Loyola, médico radiologista do Hospital Oncológico Infantil Octavio Lobo, médico radiologista do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência e médico radiologista da Clínica Lobo.

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