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Assisti a um programa de tv onde os debatedores divertiram-se enunciando metas para 2025. Sim, há pessoas que fazem promessas próximo ao réveillon, a maioria que não será cumprida, embora exista a real vontade. Fiquei pensando se teria alguma meta para colocar em uma lista de desejos, agora que 2024 termina seu reinado. Claro que aqui não me referirei a questões de trabalho, por uma questão de ética. Saúde, sim, todos desejamos ter saúde, para nós e os próximos. Gostaria, por exemplo, de parar de fumar, pois sei, por outras vezes em que parei, que o corte precisa ser drástico. Será? Junto a me tornar ex-fumante, mais uma vez, está a preocupação com a ansiedade, algo que me corrói a vida inteira. Tínhamos mais paz antes da internet, por exemplo. Éramos mais dependentes do que a tv, nos proporcionava. Ansioso, meu dia é dividido, mal dividido, entre assistir programas jornalísticos, jogos de futebol no Brasil e no mundo, filmes novos, seriados, e estes com um detalhe mais cruel. “Outlander”, por exemplo, que voltou, me fez também, por absurdo, rever toda a série, maratonando, o que pretendo fazer mais tarde, com “Games of Thrones”. Um absurdo. E os algoritmos perceberam que gosto de rever reels do GOT e me enchem de material todos os dias, provocando. Será que ano que vem resolvo assistir menos tudo isso? Há as músicas. Trabalhei uma vida inteira com música, tornando-me um adicto que piorou com a chegada do iTunes, que me apresenta, duas vezes por semana, lançamentos em vários gêneros. E eu gosto de vários gêneros. Não, Spotify e quejandos não me compraram. Se quero ouvir rádio, é no rádio, mesmo, e sua mágica de aguardar a próxima música, ouvir o locutor, até comerciais. Viciei-me em ouvir música no carro. Talvez seja o lugar onde posso ouvir sem a concorrência de outras ofertas, a não ser dirigir guerreando com motos, bikes, pedestre, carros, ônibus, no caos em que vivemos. Será que agora em que as músicas mais atuais não me seduzem e mesmo assim vou atrás das antigas em remixes, remasters e outros? Ou diminuo esse consumo? E livros? Luiz Veríssimo escreveu que compramos livros que não conseguiremos ler, não dará tempo. Concordo. Mas não consigo parar. Comprei uma nova estante para meu apê. As mesas já estavam lotadas, alguns montes pelos cantos. Tenho uma curiosidade que apesar de ser fatal, é a razão da minha vida, casando esforços com minha ansiedade. Pensar em ler menos pode ser demais. Essa talvez não consiga. Sim, tenho um desejo para 2025. Espero que a série da Netflix, “Pssica”, dirigida por Fernando e Kiko Meirelles consiga retratar nosso ambiente, nossa terra. Tem tudo para acertar. A Boitempo, a pedidos da Netflix, deve relançar o livro com a capa retratando o cartaz da série. Então torço para que, por sinergia, mais pessoas possam ler. Esse é o desejo de todo escritor, ser lido. Mesmo assim, escrevo um livro novo. Pode ser que o tratamento para o cigarro engate com uma diminuição da ansiedade, o mal dos nossos tempos. Bom, sempre foi o mal e o bem da minha vida, desde que me entendo. E o Teatro? Há um texto novo para estrear em janeiro, “O Açougueiro”, com Adriano Barroso e direção de Paulo Santana. E “Joanna” volta, com Zê Charone, dirigida por Olinda Charone, diferente. A mais desmoralizada das promessas é voltar a malhar, o que fiz uma vida inteira, apenas para jogar futebol. Na minha idade, fui delicadamente expulso do campo por não poder realizar o que fazia, antigamente. Ah, como eu gostava de jogar! E da promessa de malhar nem falas mais? É, bem, quem sabe, 2025? Espero que todos superem os próximos 12 meses. Um beijo para minha companheira, meus filhos, neto, amigos, everybody.

Edyr Augusto Proença
Paraense, escritor, começou a escrever aos 16 anos. Escreveu livros de poesia, teatro, crônicas, contos e romances, estes últimos, lançados nacionalmente pela Editora Boitempo e na França, pela Editions Asphalte. Foto: Ronaldo Rosa

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