Publicado em: 21 de outubro de 2025
A nova Agência Conceito da Caixa Econômica Federal, em Belém, na Avenida Presidente Vargas, nº 121, abriga três obras inéditas da artista visual, designer e produtora cultural Renata Segtowick, que foi convidada pela instituição para criar peças que expressassem a essência da capital amazônica e de seu povo.
Com uma trajetória marcada pela defesa do protagonismo feminino e pela valorização das raízes culturais da Amazônia, a artista dá nova vida ao ambiente bancário, transformando-o também em galeria de arte. As obras, que foram produzidas especialmente para o espaço, podem ser visitadas gratuitamente pelo público, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.
“Poder ter obras expostas em um banco público com tamanha relevância para a nossa região e para o Brasil é um orgulho e um marco na minha carreira. É importante que o público se veja e se reconheça nas obras”, afirma Renata, emocionada com a oportunidade de representar os artistas parauaras em um projeto de alcance nacional.
Conhecida por explorar o universo feminino, o sagrado e a natureza amazônica, Renata Segtowick descreve o processo criativo como uma experiência profundamente intuitiva. Suas obras unem muralismo, pintura em spray, recursos digitais e intervenções em madeira, técnicas que traduzem a organicidade da floresta e a força simbólica das mulheres amazônicas.
Em “Ver-o-Peso”, Renata presta homenagem ao mercado símbolo da cidade, representando o cotidiano dos feirantes e das embarcações que movimentam o comércio ribeirinho. A obra retrata um feirante com um cesto de açaí, barcos carregando mercadorias e figuras da fauna e da flora locais, como garças e aningas, plantas aquáticas comuns nas áreas alagadas. O painel sintetiza a vida pulsante do Ver-o-Peso, misturando trabalho, cultura e natureza em um mesmo cenário.

Em “Miriti”, a artista adota uma linguagem mais lúdica para falar sobre habitação e memória afetiva. Inspirada na madeira extraída do buritizeiro, utilizada na confecção de brinquedos populares vendidos nas festas do Círio de Nazaré, a obra evoca as tradições parauaras e o espírito inventivo do artesanato amazônico. O personagem central é um vendedor que oferece uma pequena casa feita de miriti, cercada por brinquedos coloridos e por uma Espada de São Jorge, planta muito presente nos lares brasileiros e símbolo de proteção e fé.
Em “Tacacá”, Renata mergulha nas referências da ancestralidade indígena e da culinária amazônica, compondo uma imagem que estimula os sentidos e reforça o elo entre identidade e território. A artista retrata a diversidade da culinária regional e a presença constante da água, elemento vital da Amazônia, que aparece como metáfora da vida e do sustento. “Tacacá” exalta a beleza da pele dourada e dos traços marcantes da gente amazônica, revelando um olhar de pertencimento e orgulho das origens.
A artista afirma que o mais importante é permitir que “o público se veja e se reconheça nas obras”, que são uma celebração de identidade, memória e pertencimento que transforma o espaço bancário em território de arte e de expressão amazônica.

Fotos: Arquivo pessoal de Renata Segtowick
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