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A Câmara Municipal de Belém aprovou, por unanimidade, nesta quarta-feira, 16 de outubro, o projeto de lei que reconhece o estilo arquitetônico conhecido como “Raio-que-o-Parta” como Patrimônio Cultural da cidade.

O “Raio-que-o-Parta” surgiu entre as décadas de 1940 e 1960, como uma forma genuína de expressão estética e criativa das classes trabalhadoras de Belém. Caracterizado pelo uso de cacos de azulejos coloridos dispostos em padrões geométricos e vibrantes nas fachadas das casas, o estilo combina engenhosidade artesanal e identidade cultural, transformando a arquitetura em um gesto de resistência simbólica e de afirmação popular.

A proposta, de autoria da vereadora Marinor Brito (PSOL), tem como objetivo garantir a preservação desse patrimônio, que nos últimos anos vem sendo ameaçado por reformas descaracterizantes e pela substituição dos azulejos originais. Esses processos têm apagado gradualmente essa linguagem visual típica dos bairros antigos de Belém.

Para a autora do projeto, o reconhecimento é um ato de reparação e orgulho: “o Raio-que-o-Parta é o retrato da genialidade popular que resistiu à invisibilidade e ao apagamento da nossa história. É um símbolo do orgulho paraense e da força criadora do nosso povo. Com este projeto, reafirmamos o direito de Belém reconhecer e proteger a sua própria identidade cultural.

O “Raio-que-o-Parta” é considerado uma vertente do modernismo popular parauara, que reinterpretou os princípios da arte moderna em diálogo com o ambiente amazônico e o saber empírico dos moradores. Cada fachada revestida com fragmentos de azulejo é também um mosaico de histórias e de pertencimento. O “Raio-que-o-Parta” é um símbolo vivo da criatividade e da resistência do povo da Amazônia urbana.

Imagem: Revista Haus/Ascom Vereadora Marinor Brito

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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