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O Brasil queima. Em todo o país, a área atingida pelo fogo no primeiro semestre deste ano foi de 4,48 milhões de hectares, sendo que 78% desse total ocorreu em vegetação nativa – a maioria em vegetação campestre (40%). Entre os biomas, a Amazônia registrou a maior área queimada, com 2,97 milhões de hectares – 66% do total atingido pelo fogo no país. É o que revelam os dados mais recentes do MapBiomas. O país registrou mais de 109 mil focos de incêndios em 2024. O número já é um dos maiores da história, com uma alta de 78% em relação aos doze meses de 2023, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

No primeiro semestre deste ano, os estados com mais áreas queimadas no país foram Roraima, com 2 milhões de hectares, o que representa 44% do total queimado no Brasil; Pará, com 535 mil hectares, e Mato Grosso do Sul, com 470 mil hectares. Os três representaram 67% do total da área afetada pelas chamas no semestre. Entre 1985 e 2023, 199,1milhão de hectares foram queimados pelo menos uma vez no Brasil, o que representa quase um quarto (23%) do território nacional. Mais de dois terços da área afetada por fogo (68,4%) foi de vegetação nativa e quase metade (46%) da área queimada está concentrada em três estados: Mato Grosso, Pará e Maranhão. Os dados são da Coleção do MapBiomas Fogo.

Na Amazônia, o fogo é causado principalmente pelo desmatamento e práticas agrícolas. O resultado é uma grande perda de biodiversidade.

“A Amazônia enfrenta um risco elevado com a ocorrência de incêndios devido à sua vegetação não ser adaptada ao fogo, agravando o nível de degradação ambiental e ameaçando a biodiversidade local, enquanto a seca histórica e as chuvas insuficientes para reabastecer o lençol freático intensificam a vulnerabilidade da região”, explica Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciências do IPAM. Na maioria dos casos, já se sabe, as chamas têm sido provocadas por ação humana, destinadas ao desmatamento e à limpeza de áreas para o plantio, embora haja também a suspeita de incêndios criminosos até com motivações políticas. invariavelmente, têm sido originadas pela ganância, pela ignorância e pelo descaso criminoso de seres humanos com a natureza. É o que se percebe na ação de irresponsáveis, grileiros e garimpeiros que destroem propositadamente imensas áreas de campos e florestas motivados por interesses econômicos. Em muitos casos, a intenção é a renovação de pastos, a eliminação de vegetação rasteira e a retirada de madeira para a comercialização, mas acabam causando danos ambientais irreversíveis.

Um alerta emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica que a umidade relativa do ar no Mato Grosso, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná podem chegar a 12%, aumentando ainda mais os riscos de incêndios florestais. E pensar que no Pará, historicamente com umidade relativa do ar em 98%, os seres humanos até pensavam em criar guelras!

Fotos de Araquém Alcântara

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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