Li em jornais do sudeste que Guilherme Arantes voltou a fazer shows. Recentemente lançou disco novo, mas não parece ter tido boa repercussão. Espero que ele arrebente nos shows. Raros artistas no Brasil têm o cardápio de sucessos que tem. Acompanhei desde o primeiro disco, como integrante da banda Moto Perpétuo. Quando estourou com “Meu mundo e nada mais”, era como um Elton John brasileiro, com a diferença que Guilherme era autor de letra, música e arranjos. Nos anos 80 pouquíssimos fizeram frente ao número de hits que ele obteve. Acho que o grande problema era seu gênio retraído que não o fez ter os mesmos destaques que a mídia sempre deu para um Lulu Santos, tão grande quanto. Guilherme também dava uns “perdidos” de vez em quando, mas reaparecia brilhante, sempre. Compôs para séries da Globo de sucesso nacional, como “Lindo Balão Azul”. Acho que uma das melhores características dele era a delicadeza, a educação e sempre o vislumbre de tudo vai dar certo, ou deixe por menos que isso acontece. “Ah, que bom, seria se eu pudesse te abraçar, beijar, amar, como a primeira vez. Te dar o carinho que você merece ter. Ninguém jamais te amou como eu”. Fez uma bossa nova, meio pop, “Coisas do Brasil, coisas do amor, acendendo o fogo da paixão”. Músicas que todos ouvem e cantam baixinho porque são fáceis e bonitas. E para encerrar um amor? “Pra quê ficar juntando os pedacinhos, do amor que já acabou. Adeus também foi feito para se dizer, bye bye, so long, farewell”. Pois é, estava no carro, tentando me distrair, apertado por duzentos carros em um engarrafamento por conta de obras da COP30 e tocou “Amanhã, será um lindo dia, da mais louca alegria, que se pode imaginar. Amanhã, a luminosidade alheia a qualquer vontade, há de imperar! Amanhã está toda esperança, por menor que pareça, que exista pra vicejar! Amanhã mesmo que uns não queiram, será de outros que esperam ver o dia raiar. Amanhã, ódios aplacados, temores abrandados, será pleno!” Mexeu meu astral. E tem “Cheia de charme, um desejo enorme, de revolucionar!”. E “Cuide-se bem, perigo tem por toda parte.. Pra nunca perder esse riso largo e essa simpatia estampada no rosto!”. “Terra, planeta água!”. Pois é, Guilherme deu um “perdido”, estava em Portugal, professor em uma Universidade. Voltou meio chateado, reclamando, com razão do som que hoje se ouve. Acho que a alegria voltou e espero que tenha muito sucesso. Foi muito injustiçado, um dos nossos maiores hitmakers.
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