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Alunos do Colégio Estadual Paes de Carvalho, tradicionalíssimo estabelecimento paraense, de renome nacional, protestaram ontem de manhã em frente à escadaria da Assembleia Legislativa, em razão da precariedade nas instalações da escola: goteiras, alagamentos e rede elétrica em pane. Para se ter uma ideia, os estudantes se queixaram de que estão há duas semanas tendo aulas na escuridão. Recebidos pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alepa, deputado Carlos Bordalo, eles pediram apoio para que a Casa intermedeie o diálogo com a Seduc, na busca por soluções. Um técnico foi imediatamente designado para elaborar um dossiê apontando os problemas enfrentados pela escola. Os parlamentares também vão agendar uma diligência à instituição para verificar os danos. 

Fundado pelo então presidente da província do Pará, Bernardo de Sousa Franco, no dia 28 de julho de 1841, com denominação de Liceu Paraense, o Colégio Paes de Carvalho é a instituição pública de ensino mais antiga em funcionamento no Estado. Formou os principais nomes da história do Pará. Pelas “cátedras” do CEPC passaram grandes figuras do cenário político, acadêmico, profissional e empresarial do Brasil, tais como ministros de Estado, senadores da República, governadores, deputados federais, deputados estaduais, prefeitos, reitores, professores, profissionais e empresários bem-sucedidos. 


O colégio também se destaca por suas atividades esportivas e culturais. Uma delas é a sua premiada Banda Sinfônica, famosa pelo seu repertório eclético e que é muito festejada no desfile da Semana da Pátria. O CEPC também mantém o tradicional uniforme, meninos e meninas usam meias e camisa brancas, sempre por dentro da calça e da saia, que obrigatoriamente deve ter no mínimo 37 centímetros de comprimento. 


Contudo, nos últimos anos o Paes de Carvalho está decadente. A ex-diretora Maria do Socorro Costa e Silva foi denunciada por ter aplicado um golpe em docentes e funcionários, no valor de R$ 200 mil. Após inquérito, a polícia chegou a requerer sua prisão preventiva, e ela está foragida.


De acordo com as investigações, 14 professores foram enganados. O estelionato começou a ser aplicado entre o final de 2014 e ao longo de 2015. Maria do Socorro usou vários argumentos para pedir dinheiro. Ela disse, no início, que precisava quitar uma dívida familiar, mas que iria devolver o dinheiro após vender casas que são herança dos pais. Os educadores e servidores, de boa fé, chegaram a fazer empréstimos bancários para dar o dinheiro a ela. Houve quem vendesse o próprio carro para ajudá-la. Tempos depois, ela declarou que havia diagnosticado câncer na garganta, e que precisava levantar dinheiro para pagar o tratamento no Rio de Janeiro e em São Paulo. Todos foram solidários. Um professor emprestou R$ 82 mil no banco para dar à ex-diretora. 


O golpe foi descoberto quando uma irmã de Maria do Socorro foi até o colégio procurá-la. Ao ser questionada sobre o estado de saúde da diretora, ela se espantou e garantiu que Maria nunca teve câncer. Os professores tiveram que se desfazer de vários bens pessoais para quitar os empréstimos. Entre as vítimas, figuram até faxineiras e funcionários da xerox da escola. 


Na época, a Secretaria de Estado de Educação, tão logo tomou conhecimento dos fatos, abriu procedimento administrativo disciplinar a fim de apurar as denúncias, bloqueou o pagamento da acusada, e acompanhou o inquérito instaurado pela Polícia Civil.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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