Publicado em: 9 de outubro de 2025
Navegando pelas páginas de jornais virtuais na internet, encontrei a notícia de um episódio recente em uma escola primária dos Estados Unidos. O episódio de racismo abjeto gerou grande indignação e mal-estar. Lendo mais sobre o assunto e visitando reações à postagem feita pela mãe da criança nas redes sociais, encontrei enxurradas de críticas ao evidente racismo na atitude desprezível de uma professora, em um evento de celebração do aniversário de uma criança negra, sua aluna.
O caso em questão envolveu uma professora em uma escola elementar no estado da Flórida. A professora estava reunida com a turma para celebrar o aniversário de um dos alunos, um garoto negro. Porém, após cantar a versão original de Happy Birthday, ela pediu, diante de todos, para cantar uma versão “engraçada” da canção. Foi então que entoou a versão abominável e ofensiva da clássica canção, voltada para um menino negro de apenas seis anos de idade.
O incidente ocorreu em 29 de setembro de 2025, na Floral Avenue Elementary School, em Bartow, condado de Polk, Flórida (próximo a Orlando). O garoto, de nome Legend Whitaker, estava aniversariando exatamente naquele dia. A mãe dele, Desarae Prather, de posse das imagens filmadas do evento, denunciou publicamente o fato, inclusive pelas redes sociais, provocando indignação e reacendendo o debate sobre o racismo nos EUA, sobretudo na Flórida.
O racismo expresso naquilo que a professora branca chamou de “simples piadinha” será reproduzido aqui, para que possamos processar as palavras e contextualizar o ambiente racial em que elas reverberam, sobretudo em um momento de debates globais sobre a liberdade de expressão e seus limites. Abaixo, a paródia infame:
“Happy birthday to you, you live in a zoo. You look like a monkey, and you smell like one, too. Woo!”
Tradução aproximada: “Parabéns pra você, você mora no zoológico. Você parece um macaco, e cheira como um também. Uhu!”
As crianças presentes à situação riram, inicialmente um tanto constrangidas, mas seguiram, incentivadas pelo entusiasmo da docente, mesmo diante do constrangimento do colega. Ao final, a professora incentivou que todos aplaudissem o episódio. O vídeo gerado das imagens do evento foi gravado por uma pessoa presente e enviado por e-mail à mãe da criança no mesmo dia.
Prather, a mãe da criança, que nunca havia ouvido essa variação antes, considerou a letra adaptada da canção humilhante e racista, especialmente por compararem a criança a um “macaco”: uma referência estereotipada e histórica de racismo contra pessoas negras nos EUA. Ela disse:
“Meu filho foi humilhado na frente dos colegas. Nenhuma criança deveria ir à escola e se sentir chamada de insultos raciais.”
Prather não se acomodou. Indignada e humilhada, ela postou o vídeo do episódio nas plataformas Instagram e TikTok. O vídeo viralizou rapidamente. A mãe exige um pedido de desculpas público da professora e da escola, uma ação disciplinar imediata (incluindo demissão) e aconselhamento psicológico para o filho, que ficou tão abalado que não conseguiu retornar à escola por dias.
Pesquisando mais sobre o caso, identifiquei que, por ser uma expressão pública do racismo, ainda mais contra uma criança, ganhou destaque nacional, com apoio de figuras como o advogado de direitos civis Ben Crump (conhecido por casos como o de George Floyd), o comediante D.L. Hughley e o ex-jogador da NBA Etan Thomas, que ligou o incidente a problemas maiores de racismo em escolas predominantemente brancas.
Nas duas redes sociais, as postagens adquiriram muita visibilidade. Muitos internautas e ativistas criticaram a falta de sensibilidade cultural da professora, destacando o histórico de estereótipos racistas nos EUA. Comentários comuns incluem: “Isso não é ‘engraçado’; é traumático para uma criança negra.”
Por mais horrendo que tenha sido o caso, ainda há divisão de opiniões no ambiente virtual. Alguns defendem que a variação da música é uma brincadeira infantil comum, cantada para qualquer criança, independentemente da raça, sem intenção racista. Outros argumentam que, em 2025, educadores devem ser mais conscientes do contexto racial, e que o riso da turma amplificou o dano, obviamente.
O site The Ledger publicou que a própria professora gravou o vídeo e enviou à mãe da criança! A Polk County Public Schools iniciou uma investigação imediata envolvendo o departamento de recursos humanos e informou que a professora foi colocada em licença administrativa.
A presidente da Polk Education Association, Stephanie Yocum, descreveu a professora como “popular e experiente”, mas confirmou que ela recebeu ameaças de morte após o vídeo viralizar. O sindicato enfatizou a necessidade de contexto, mas não defendeu as ações.
Pesquisando outros episódios relacionados ao evento, identifiquei que não se trata de um caso isolado. Incidentes semelhantes destacam tensões raciais em escolas americanas, especialmente em regiões com histórico de segregação, como a Flórida. Por exemplo:
Em 2017, um grupo racista invadiu uma festa de aniversário de uma criança negra na Geórgia, gritando insultos e ameaças com bandeiras confederadas – resultando em prisões. O caso atual reflete debates sobre “microagressões” em ambientes educacionais, onde brincadeiras “inofensivas” podem perpetuar estereótipos.
Até o dia 8 de setembro de 2025, não há nenhum registro oficial de que houve andamento do caso. Continuarei pesquisando e trarei informações aqui.
Comentários