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O estudante Eyke Cardoso de Souza Torres, de Ourilândia do Norte, trouxe para o Pará uma das maiores conquistas acadêmicas da ciência escolar latino-americana. Ele integrou a equipe brasileira que conquistou a medalha de ouro na Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA), realizada entre os dias 1º e 7 de setembro nas cidades do Rio de Janeiro e Barra do Piraí (RJ), e também brilhou individualmente, tornando-se medalhista de ouro na prova individual.

A vitória, além de um marco pessoal, é motivo de extremo orgulho para a comunidade escolar e para a região. “Com certeza foi uma das melhores experiências que eu já tive. Mais do que a medalha, também foi muito enriquecedor pelos conhecimentos adquiridos. Certamente foi uma conquista não só acadêmica, mas também cultural e internacional. Eu pude interagir com muitas pessoas de outros países e isso foi muito gratificante para mim”, destacou Eyke, que é aluno da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Primeiro Mundo, da Inspira Rede de Educadores.

Eyke já era, desde 2024, o aluno mais premiado da rede Inspira em olimpíadas de conhecimento. Sua trajetória atesta o impacto positivo de iniciativas que estimulam o interesse pela ciência desde cedo. Para o Pará, o feito representa a entrada em um novo patamar de reconhecimento acadêmico. Até então, Ourilândia do Norte não tinha registrado uma conquista internacional desse porte.

A OLAA é uma das principais olimpíadas internacionais de astronomia e astronáutica. Ela integra o processo seletivo da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), que mobiliza mais de dois milhões de estudantes todos os anos. Dentre esse universo, apenas dez jovens são escolhidos para compor a equipe nacional em competições internacionais. Em 2025, Eyke foi um dos selecionados e se destacou em todas as etapas.

Na edição sediada pelo Brasil, a competição reuniu 14 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. Durante uma semana intensa de provas e atividades, os participantes foram testados em conhecimentos teóricos, capacidade de observação astronômica, trabalho em equipe e até em desafios de astronáutica, como o desenvolvimento de foguetes.

O programa da OLAA é amplo e exige domínio que vai das noções básicas sobre Terra, Sol e Lua a conteúdos de astrofísica, mecânica celeste, cosmologia e instrumentação astronômica. As provas avaliam visão espacial e leitura de dados (tabelas, gráficos e coordenadas), o uso das linguagens da Física e da Matemática aplicadas à astronomia, a capacidade de refletir sobre temas atuais com raciocínio conceitual, a observação do céu noturno e a interpretação de fenômenos como eclipses, fases da Lua e marés, além de tópicos de astrofísica solar e estelar, evolução de estrelas, galáxias e cosmologia. Também são valorizadas competências socioemocionais, com ênfase no trabalho em equipe em provas coletivas que reúnem estudantes de diferentes países.

Além das provas teóricas e observacionais individuais, os competidores também participam de provas em grupo, nas quais a cooperação é um dos critérios centrais, refletindo o espírito de colaboração científica.

Fundada em 2008, a Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica nasceu para celebrar o Ano Internacional da Astronomia (2009) e se firmou como uma das mais importantes competições científicas do continente. Para além do torneio acadêmico, a OLAA fomenta a cooperação entre jovens de diferentes nações, incentivando o intercâmbio cultural e promovendo valores de ética, disciplina, humildade e espírito científico.

As atividades vão além das provas: os estudantes participam de palestras, visitas a observatórios e centros de pesquisa, apresentações culturais e experiências de integração com jovens do país anfitrião. Em 2025, no Rio de Janeiro, o evento também foi marcado por debates sobre os impactos da ciência no cotidiano e o papel da juventude no futuro da exploração espacial.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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