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Nesta segunda-feira, abre a Exposibram
Amazônia 2012
,
que inclui o 3º Congresso de Mineração da Amazônia, maior evento do setor
mineral do norte do Brasil. A sustentabilidade da mineração é o foco dos
debates, palestras e seminários. Mas uma iniciativa particularmente me chama a
atenção: o c
oncurso de redação “Mineração e Sustentabilidade Ambiental: a mineração a serviço da
sociedade
”, realizado em feliz parceria do presidente do Simineral, José Fernando
Gomes Jr., com o secretário especial de Promoção Social, Nilson Pinto.
Mais do que ampliar o conhecimento
dos alunos sobre a indústria de mineração do Pará  e o aprimoramento da
escrita e da leitura, o concurso tem o condão de levar ao seio estudantil um tema
extremamente importante no Pará. E de provocar o pensar crítico em um grupo
social sempre ignorado quando se fala de projetos estratégicos, o que na maior
parte das vezes fica restrito ao tecnicismo da academia.
Há mais de trinta anos as gigantes da
mineração se instalaram no Pará, de cima para baixo, num tempo em que não havia
lei para disciplinar a atividade e muito menos ouvir a população afetada.
Sobrevieram as tragédias ambientais, os enclaves de Carajás, Porto Trombetas e Vila
do Conde, os bolsões de miséria, a superpopulação, a violência e a prostituição,
inclusive infanto-juvenil, entre outras mazelas no entorno dos grandes
projetos.
Hoje os tempos são outros,
felizmente. Temos lei ambiental rigorosa, ainda que alguns teimem em não
respeitá-la. Já não são instalados enclaves e as medidas compensatórias e ações
mitigadoras dos impactos ambientais e sociais são efetivas. Mas a maioria dos
parauaras nunca parou para pensar no quanto sua vida é afetada pela mineração,
conhecer a cadeia produtiva e de que modo pode atuar no sentido de contribuir
para aperfeiçoar o longo caminho entre a prospecção e lavra até a exportação.
Uma das questões que precisam ser
enfrentadas com franqueza e coragem é a importação da mão-de-obra, sob a
alegação de que no Pará ainda não há trabalhadores suficientemente
qualificados. Inaceitável que, três décadas depois de instaladas, as
mineradoras e os sucessivos governos não tenham ainda fomentado a especialização
necessária, que poderia muito bem já ter formado milhares de profissionais em dezenas
de áreas intimamente ligadas ao setor mineral.
Por outro lado, há inúmeros programas
paralelos à atividade minerária, desenvolvidos como contrapartida social, e que
podem ser ampliados e melhorados, com a efetiva participação das comunidades. 
Considero que o tema proposto no
concurso é um belo passo para estimular que a escola seja ponto de partida para
as mudanças que haverão de vir. Estão inscritos 1.040 alunos da rede estadual
de ensino. Já é um começo, considerando que esses meninos e meninas certamente
vão conversar sobre o tema com amigos e a família, além dos professores e dos
colegas de classe.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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