Publicado em: 19 de dezembro de 2025
A Polícia Federal já identificou R$ 28,638 milhões em movimentações suspeitas, sem justificativa plausível, em contas de assessores dos gabinetes dos deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ), bem como funcionários do partido, entre outras pessoas próximas aos parlamentares. As informações constam no relatório parcial, cujo sigilo foi levantado nesta manhã pelo ministro Flávio Dino, relator do caso no STF, e que embasou a Operação Galho Fraco, deflagrada nesta sexta-feira (19), tendo os congressistas entre os alvos.
As diligências incluíram busca pessoal, veicular e em imóveis de Jordy e Sóstenes. Além das quantias incompatíveis com a renda declarada, chamou atenção da PF a realização de saques nunca superiores a R$ 9.999,00, indicando a lavagem de dinheiro conhecida por “smurfing”, que consiste em limitar o valor das transações para tentar burlar o monitoramento dos órgãos competentes. Os maiores montantes suspeitos foram movimentados por Adailton Oliveira dos Santos, assessor especial do PL. Pela conta dele passaram mais de R$ 11,4 milhões entre 2023 e 2024. Já Itamar de Souza Santana, secretário parlamentar de Jordy, movimentou sozinho R$ 5,9 milhões.
O ministro Flávio Dino autorizou a quebra de sigilo bancário, telefônico e telemático dos parlamentares e outras 12 pessoas físicas e uma pessoa jurídica. E mandou que informações de interesse sejam compartilhadas com a Receita Federal.
No dia 29 de abril deste ano, Sóstenes enviou ofício ao STF alegando não ser obrigado a prestar esclarecimentos sobre declarações recentes que sugeririam barganha com emendas parlamentares. Dino fulminou: “a imunidade não abrange investigações de crimes contra o patrimônio público”. E acrescentou que as emendas parlamentares são reguladas pela Constituição e pela Lei Complementar 210/2024. “São inaceitáveis quaisquer ‘orçamentos secretos’, sob velhas ou novas roupagens”, concluiu o ministro.
A fala de Sóstenes foi um tiro no próprio pé, interpretada como tentativa de coação política e reacendeu o alerta do STF quanto ao risco de retorno do orçamento secreto, prática vedada pela Corte desde 2022.
No relatório, a PF afirma que há elementos concretos indicando que o automóvel alugado no Rio de Janeiro por Jordy estaria sendo utilizado por sua filha.









Comentários