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Traduzir é encontrar a terceira língua, dizia o filósofo Walter Benjamin, e traduzir um poema é a busca mais incesssante sobre o significado de um idioma na sua expressão máxima na lida com o verso.

Às vezes, deixamos escapar a língua original algo dela em específico e outras vezes ampliamos a capacidade de síntese desse mesmo vernáculo e o texto traduzido ganha outra identidade, e não perde sua essência.

Eu traduzi o poema Wir Ziehen Voran, de  Ernst Moritz Arndt, nascido na Pomerânia sueca em 1769 e que morreu com noventa anos, em Bonn, Alemanha. É um poeta que teve uma vida de muito estudo sobre religião, educação e liberdade. 

Uma das questões defendidas por Arndt (prununcia-se acentuando-se o a: Árndt) era a defesa de uma pátria livre sobre a base protestante, envolto da revolução religiosa que marcou profundamente a modernidade germânica.

Eis o poema no original:

WIR ZIEHEN VORAN

Brauset, Winde! Schäume Meer!
Mir im Herzen braust es mehr;
Schlage, Unglückswetter, ein!
Muth will trotzig oben sein.

Freudig schießt er auf Gefahr,

Wie auf Raub der Sonnenaar,
Stürzt mit Wangen frisch und roth
Kühn hinein in tiefsten Tod.

O wie selig ist der Mann,
Der in Wahrheit sagen kann:
Du, Gefahr, bist meine Braut,
Treue, du mir angetraut!

O wie selig ist der Mann,
Der in Wahrheit sagen kann:
Muth, du bist mir Sonnenschein,
Muth, du bist mir edler Wein!

Wir ziehen voran.
Die ganze Zeit, unendlich weit.
Wir ziehen voran.
Der Sonne entgegen, unentwegen

Sonnenschein behält sein Licht,
Saft der Reben altet nicht:
So erlischt nicht kühner Muth,
So erbleicht nicht Heldenblut.

Will die Welt zu Scheitern geh’n,
Muth bleibt fest und ruhig steh’n;
Ja, fällt selbst der Himmel ein,
Muth wird Gott mit Göttern sein.

Wir ziehen voran.
Die ganze Zeit, unendlich weit. 
Wir ziehen voran.
Der Sonne entgegen, unentwegen.

A minha tradução para o português:

QUEREMOS AVANÇAR

Rugidos, o vento! espuma do mar!
-Meu coração ruge mais;
Raios, tempestade!
Acima porém a coragem.

O vento me joga ao perigo
Como força do raio de sol,
A bater na face da suave dor 

  • a fria e funda morte.

Bem-aventurado o homem
Que à verdade sem medo diz:
Tu, o perigo, é a minha noiva,
Lealdade, a minha prometida!

O Bem-aventurado o homem
Que à verdade sem medo diz:
Coragem, tu és meu sol,

Coragem, meu vinho!

A luz se mantém no sol,
Jovem, a seiva da videira:
Ela não trava a coragem,
Nem pálido deixa o heroico sangue.

Corre o mundo para o fracasso?
Impede a coragem em sua própria força;
Sim, até mesmo o céu pode cair,
Quando a coragem entre os deuses está.

(Ernst Moritz Arndt, 1811)

Tradução: Benilton Cruz, Belém, Pará, Amazônia, Brasil.

Benilton Cruz
Benilton Cruz é doutor em Teoria e História Literária, professor de alemão e do Curso de Letras-Português e Letras-Libras da UFRA, Campus Belém, autor dos livros: Olhar, verbo expressionista – O Expressionismo Alemão no romance “Amar, verbo intransitivo de Mário de Andrade; Moços & Poetas – Quatro Poetas na Amazônia - Ensaios Sobre Antônio Tavernard, Paulo Plínio Abreu, Mario Faustino e Max Martins; Espólios para uma Poética – Lusitanias Modernistas em Mário de Andrade; pesquisador e perito forense, editor do blog Amazônia do Ben; editor do Canal de Poemas No Meio do Teu Coração Há um Rio, no Youtube. Diretor da Academia Maçônica de Letras do Estado do Pará; e membro eleito da Academia Paraense de Letras.

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