Publicado em: 3 de dezembro de 2025
Segundo os dados da organização da COP30, fomos 2.371 jornalistas, repórteres, fotógrafos, videográfos, profissionais das mídias credenciados na Blue Zone, representando 1090 veículos de comunicação de todo o mundo. Desde a entrada do pavilhão era possível nos ver, muitas vezes sozinhos, operando câmeras e iluminação em tripés ao mesmo tempo em que, com microfones, comentavam sobre as notícias da conferência climática.
As grandes instituições midiáticas tinham stands próprios para os quais as autoridades se deslocavam para conceder entrevistas a jornalistas eles próprios celebridades, como Fernando Gabeira e Miriam Leitão. Esta não era a realidade da imensa maioria de nós que tínhamos que, às vezes, literalmente correr para alcançar uma entrevistada – e nem sempre alcançá-la, como foi o nosso caso com a ministra Cármen Lúcia, que um desvio por causa das entradas separadas de mídia e autoridades nos deixou para trás e nos fez perdê-la na multidão.
Cobrir uma convenção da magnitude da COP30 é uma grande experiência profissional e pessoal, mas engana-se muito quem acha que é glamourosa. Não temos acesso físico às reuniões importantes, onde supostamente está sendo definido o futuro do planeta. Temos de esperar sabe-se lá quanto tempo, disputando espaço com centenas de outros colegas, para conseguir falar com autoridades que não estavam presentes nas coletivas oficiais do evento. Os jornalistas são os primeiros a chegar, os últimos a sair e, geralmente, são mal pagos. São vários os perrengues, nada chics.
Engana-se também quem acha que só quem precisa de preparo físico são os jornalistas “de campo”. Quem não é acostumada com exercícios físicos intensos pode ter um piripaque andando, em média, quinze quilômetros por dia para conseguir cobrir todas as suas pautas. Nos grupos de jornalistas, o que mais havia eram relatos de pessoas que ficaram completamente baqueadas depois da conferência, que inclusive adoeceram ao fim. Um layout de camiseta dizendo “Eu sobrevivi à COP30” fez sucesso. Não duvido nada que alguém tenha mandado fazer.
Mas uma coisa muito legal de observar foi a solidariedade entre colegas – e preciso destacar que, especialmente entre nós da mídia independente, em sua grande maioria solos ou em duplas, se virando nos trinta. Através dos grupos, pudemos ajudar e sermos ajudadas. Foram muitas as trocas de informações, orientações, e não foram poucos os fotógrafos e videógrafos que partilharam entre a mídia independente registros que fizeram toda a diferença, principalmente nas horas dos BOs, como os protestos indígenas, da tentativa de ocupação ao bloqueio da entrada, e o incêndio.
O trabalho do jornalista é grande e intenso, mas é que nem cachaça. Quase duas semanas depois do fim, o sentimento geral é de “já pode ter outra COP?”. Ano que vem tem, claro, na Turquia, só que a grande maioria dos jornalistas de Belém, a galera do “rock doido”, acredito, não terá a oportunidade de ir. Mas o que não faltam são pautas relevantes na Amazônia, que precisam da amplificação e da luta. É nossa missão não deixar o mundo esquecer de nós.









Comentários