Publicado em: 13 de outubro de 2025
Durante a reunião preparatória para a COP30, realizada hoje, 13, e amanhã, 14 de outubro, em Brasília, 1.300 cartas e desenhos de crianças e adolescentes brasileiros serão entregues aos ministros, negociadores e observadores internacionais. A iniciativa, promovida pelo Instituto Alana e pelo UNICEF, em parceria com a Presidência da COP30, faz parte do Mutirão Pelo Clima, convocado pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da Conferência do Clima deste ano.
As mensagens, enviadas por participantes de dez estados e do Distrito Federal, expressam a relação das novas gerações com a natureza, suas preocupações diante dos efeitos das mudanças climáticas em suas comunidades e pedidos diretos aos líderes globais que estarão reunidos na capital federal. Reunidas com o apoio de escolas, coletivos e organizações da sociedade civil, as cartas simbolizam o envolvimento das crianças e adolescentes na construção de um futuro mais sustentável, justo e saudável.

O evento marca o início das discussões oficiais que antecedem a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Na cerimônia de abertura, além das mensagens das crianças, foi entregue uma carta do presidente da COP30 destacando o papel das novas gerações na agenda climática global.
Entre os apelos que integram o conjunto de cartas, estão mensagens como:
“Eu quero um futuro lindo, cheio de árvores onde as crianças possam brincar”, escreveu Eliza, de 7 anos, de Alagoas.
“O Brasil é um dos países mais vulneráveis frente às mudanças climáticas, a tendência é entrar em completo colapso. Amar é conservar”, alertou Gustavo, 16, do Pará.
“Espero que vocês líderes que vieram ao Brasil escutem a voz de todos os adolescentes”, pediu Cauã, 15, também do Pará.
“Acredito que a COP30 pode mudar muitas coisas no mundo e no futuro da minha geração”, afirmou a parauara Geovana, 14.
“Nesta COP30 espero que seja discutido sobre mudanças no comportamento das pessoas, sensibilização ao aquecimento global para gerar um mundo melhor”, escreveu Valentina, 14, do Pará.
“Os senhores têm que se unir para preservar a Amazônia”, exortou Mariana, 12, de Minas Gerais.
“O racismo ambiental é uma barreira para a construção de um futuro climático mais justo e sustentável para todos”, declarou Sara, 15, da Paraíba.
Essas mensagens foram escolhidas para representar a diversidade de vozes que compõem o mutirão e reforçar o chamado por justiça intergeracional, conceito que defende que as decisões ambientais de hoje devem garantir condições de vida dignas às futuras gerações.

Segundo JP Amaral, gerente de Natureza do Instituto Alana, o conteúdo das cartas revela a consciência ambiental das crianças e adolescentes e o engajamento que precisa orientar o debate climático global: “essas cartas representam, ao mesmo tempo, como a pauta climática está presente no pensar e refletir das crianças e adolescentes e o tom de mutirão e esperança que precisamos para o multilateralismo climático”.
O especialista em Mudanças Climáticas do UNICEF no Brasil, Danilo Moura, reitera a importância de incluir as vozes mais jovens no processo de decisão: “as crianças e os adolescentes têm visões, experiências e opiniões próprias, que são diferentes das dos adultos — e justamente por isso devem ser escutadas. Como eles são os mais impactados pelas mudanças climáticas, reunimos e trouxemos essas cartas para que os negociadores presentes na Pré-COP tomem decisões baseadas no princípio de justiça intergeracional, e com as palavras e os pedidos das crianças em mente”.
Na carta assinada pelo embaixador André Corrêa do Lago, o presidente da COP30 reforça que o enfrentamento à crise climática exige cooperação global e compromisso político. O texto traz uma reflexão sobre o papel das novas gerações como agentes de mudança: “as crianças e adolescentes, que viverão por mais tempo as consequências das decisões que tomarmos aqui e em Belém, são parte das respostas. Por isso, cabe a nós, líderes globais, honrarmos essa confiança e garantir a esperança climática para as próximas gerações.”
A colaboração entre o UNICEF e o Instituto Alana não é recente. Em 2023, durante a COP28, as organizações lançaram o filme “The Important Stuff” (O que importa), que reuniu depoimentos de 25 crianças de 12 países sobre suas angústias e esperanças diante da crise climática. O projeto, parte de uma série de seis produções audiovisuais, buscou dar às crianças “a última palavra” antes das decisões de alto nível nas negociações internacionais.
Imagens: UNICEF
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