Publicado em: 6 de outubro de 2025
Iniciativas do terceiro setor têm ganhado força ao preparar a população local para os efeitos de longo prazo da COP30. Sem aporte direto de recursos públicos, ONGs e redes de juventudes têm apostado em projetos de formação, inclusão social e qualificação profissional, com foco na empregabilidade, no turismo e no fortalecimento comunitário.
Entre os exemplos, destaca-se o “Inglês para a COP30”, projeto do Grupo +Unidos que oferece cursos gratuitos para moradores da capital parauara e da região metropolitana. Em dois ciclos previstos para 2025, mais de 500 alunos já foram beneficiados. Ao longo de três meses, cada turma recebe 50 horas de aulas de inglês voltadas ao mercado de trabalho, com ênfase em hospitalidade, atendimento e situações práticas de comunicação em eventos internacionais, além de atividades complementares como rodas de conversa e palestras.
Uma das turmas em andamento nasceu de parceria com o Engajamundo, rede juvenil que atua há mais de dez anos na formação de lideranças ligadas a causas socioambientais. A organização tem histórico de levar jovens brasileiros a mais de 20 conferências da ONU, entre encontros sobre clima, biodiversidade e igualdade de gênero, sempre defendendo pautas de juventude articuladas com justiça social, racial e climática. Sua atuação se caracteriza por um modelo horizontal, em que os próprios jovens coordenam projetos e campanhas, incentivando autonomia e protagonismo.
Na preparação para a COP30, o Engajamundo mobiliza esforços para garantir presença ativa da juventude brasileira, sobretudo amazônida, nas negociações globais. A turma conjunta com o Grupo +Unidos ilustra essa estratégia: são 20 jovens entre 18 e 30 anos, sendo 65% mulheres e com forte participação de estados da Amazônia Legal (Pará, Maranhão, Acre, Rondônia e Amazonas). A iniciativa alia aprendizado técnico em inglês a vivências de desenvolvimento pessoal, reforçando como o domínio de um idioma pode se tornar instrumento de cidadania.
Para Daniel Grynberg, diretor-executivo do Grupo +Unidos, a proposta vai além da qualificação linguística: “aconferência será um momento histórico para Belém e para a Amazônia, e não se resume à infraestrutura. É sobre preparar pessoas para esse encontro com o mundo. A turma que realizamos em parceria com o Engajamundo mostra a força da juventude quando tem acesso a oportunidades de aprendizado. O inglês, nesse contexto, deixa de ser apenas um idioma e passa a ser uma ferramenta de cidadania, empregabilidade e protagonismo, capaz de abrir portas e dar voz aos jovens amazônidas em um cenário global.”
A mobilização reforça que o impacto da COP30 pode extrapolar as duas semanas do evento, deixando como herança o fortalecimento das pessoas que vivem na região. Para o Engajamundo, a capacitação tem caráter político e transformador. “Para nós, do Engajamundo, essa parceria representa muito mais do que ensinar inglês: é abrir caminhos para que a juventude possa se colocar como sujeito político nos debates globais. Nosso trabalho sempre foi formar jovens para incidirem em decisões que afetam diretamente seus territórios, e a COP30 é uma oportunidade histórica de mostrar que o Brasil, especialmente a Amazônia, não é apenas cenário, mas também voz ativa. Preparar esses jovens é garantir que as soluções para a crise climática contem com a participação daqueles que vivem na linha de frente dos impactos e que carregam consigo saberes, diversidade e coragem para transformar o presente e o futuro”, destacou Sara Emanuelly, pesquisadora e coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Mudanças Climáticas e da Delegação para a COP30 do Engajamundo.
Foto: Grupo +Unidos
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