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A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) será uma das instituições participantes da próxima Operação Antártica, dentro do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). A missão contará com a presença do professor Lucas Vaz Peres, meteorologista do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) e docente do curso de Ciências Atmosféricas, que representará a universidade na Estação Antártica Comandante Ferraz.

O pesquisador embarcará no dia 16 de outubro e permanecerá até 17 de novembro na base brasileira localizada na ilha do Rei George, a 130 quilômetros da Península Antártica, na baía do Almirantado, na Antártida. Sua atuação estará vinculada ao Projeto Imantar, voltado para medições atmosféricas de média e alta atmosfera.

A Estação Antártica Comandante Ferraz, inaugurada em 1984 e reconstruída em 2020 após um incêndio, leva o nome do hidrógrafo e oceanógrafo Luís Antônio de Carvalho Ferraz, comandante da Marinha que desempenhou papel fundamental na criação do Proantar. A base representa um marco da presença brasileira no continente gelado e um elo de cooperação científica internacional, que agora terá a contribuição da Ufopa em novas frentes de pesquisa atmosférica.

A Operação Antártica é organizada pela Marinha do Brasil, com apoio da Força Aérea, e ocorre preferencialmente no verão do continente gelado, entre outubro e março. O programa garante suporte logístico a projetos de pesquisa aprovados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), promovendo investigações que vão desde ciências atmosféricas até estudos sobre impactos ambientais e climáticos.

Em agosto, como preparação para a missão, Lucas Peres participou de um treinamento pré-antártico de dez dias na Ilha da Marambaia (RJ). O curso incluiu noções sobre o funcionamento da estação, rotinas de segurança e adaptação às severas condições ambientais da região.

O pesquisador destaca que a atuação do Brasil na Estação Antártica faz do país referência na coleta de dados atmosféricos em diferentes latitudes: “isso posiciona o Brasil com as mesmas medidas desde a Amazônia até a Antártica. O país se torna um líder sul-americano em medidas de média e alta atmosfera, considerando que já realizamos pesquisas na Fazenda Experimental da Ufopa, no Observatório Atmosférico da Amazônia, e também na Estação Antártica Comandante Ferraz”.

Segundo Peres, os registros coletados na Estação Antártica podem enriquecer os estudos já conduzidos na Amazônia e oferecer subsídios mais consistentes para a compreensão das dinâmicas do clima. Ele lembra que a atmosfera é um sistema interligado: “Que a Ufopa possa se destacar com pesquisas não só na Amazônia, mas também na Antártica, já que a atmosfera não possui barreiras. O que acontece aqui pode interferir lá, e o que acontece lá pode interferir aqui. As medidas contribuem para conhecermos melhor essas conexões”.

O professor ressalta ainda que a participação da Ufopa em missões científicas desse porte cria novas perspectivas de inserção acadêmica para os estudantes da instituição. O acesso a dados exclusivos e a possibilidade de experiências futuras na Antártica podem ampliar a formação de pesquisadores da região amazônica, conectando ciência local a agendas globais.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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