Publicado em: 12 de setembro de 2025
Entre os dias 15 e 17 de setembro, no Teatro Maria Sylvia Nunes, na Estação das Docas, em Belém, acontecerá o Fórum Nacional Verdemocracia, que reunirá ministros, magistrados, servidores e especialistas de todo o país para discutir os desafios da Justiça Eleitoral diante das mudanças climáticas e das transformações tecnológicas e com a preparação das Eleições de 2026 no centro da pauta.
Caberá à ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a conferência de abertura, no dia 15, sobre “Democracia e Eleições: questões atuais”.
A presença da ministra, que proferiu o voto que formou maioria para a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro mais os sete integrantes no Núcleo 1 da trama golpista, deve causar furor em Belém. Única mulher a integrar o Superior Tribunal Federal, Cármen Lúcia deu um verdadeiro show de intelectualidade e objetividade, atestou que, por 2 mil anos, mulheres foram caladas e que ela não abre mão do direito de falar e ainda conseguiu conferir um clima de bom humor ao relatar que teve que explicar, em uma conversa de fila de farmácia, a diferença entre “neutralizar” e “harmonizar” a uma mulher que achava que as redes bolsonaristas estavam sugerindo uma harmonização facial ao ministro Alexandre de Moraes.
Fruto de parceria entre o TSE e o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA), o fórum nasce com ambição nacional, embora tenha brotado de um diagnóstico local. A organização identificou, nas eleições de 2024, gargalos logísticos diretamente ligados às condições climáticas, especialmente no oeste do Pará. Secas severas alteraram rotas tradicionais e obrigaram a adoção de soluções improváveis: “algumas urnas chegaram a cavalo aos locais de votação”, relata o diretor-geral do TRE-PA, Bruno Giorgi Almeida.
O convite à ministra Cármen Lúcia foi decisivo para que a ideia, inicialmente desenhada no contexto da COP30, se transformasse em um fórum nacional, em parceria com o TSE, com trilha robusta de debates jurídicos sobre direito eleitoral, democracia e propaganda.
A programação foi desenhada para responder a perguntas práticas e estratégicas que já se impõem ao sistema eleitoral. Estão previstos painéis sobre a influência das crises climáticas na logística das eleições, sustentabilidade nas práticas eleitorais e o combate à desinformação, além de discussões sobre processo eleitoral e novas tecnologias, propaganda eleitoral, poluição e um ambiente cívico saudável, bem como o direito ao voto, informação verídica e participação democrática.
A grade também inclui um eixo específico sobre “Democracia: o ambiente e o humano” e uma mesa dedicada a “Questões logísticas e processo eleitoral: o impacto das condições climáticas nas eleições”. O público-alvo abrange magistrados, servidores, advogados, estudantes, representantes de instituições públicas e privadas, ativistas e interessados em democracia, meio ambiente, tecnologia e direitos fundamentais.
A liderança de Cármen Lúcia é ressaltada não só pela conferência inaugural, mas pela coerência com sua trajetória de defesa institucional do processo eleitoral e de enfrentamento à desinformação. O TSE coloca sob os holofotes uma agenda que combina responsabilidade ambiental e integridade eleitoral, sem abrir mão da tradição de eficiência logística construída ao longo de décadas. O encerramento, no dia 17, trará a conferência do ministro do STF e vice-presidente do TSE, Nunes Marques.
O nome “Verdemocracia”, concebido pela equipe da Secretaria de Planejamento do TRE-PA, carrega um duplo simbolismo. Ao mesclar “verde” e “democracia”, ecoa o bioma amazônico e a dimensão ecológica dos direitos políticos, além de dialogar com referências culturais de Belém, como Ver-o-Peso e Ver-o-Rio. A própria ministra Cármen Lúcia batizou oficialmente o encontro como Fórum Nacional Verdemocracia.

Para além das mesas de discussão, o fórum terá ações concretas de responsabilidade socioambiental. No dia 16, no espaço Porto Futuro 2, ocorrerá o plantio simbólico de 28 mudas de árvores, uma para cada um dos 27 TREs e outra para o TSE , com a presença de ministros e presidentes dos tribunais. A organização também prevê a aquisição de créditos de carbono, com investimento destinado ao projeto socioambiental Kamiranga, em São Miguel do Guamá, no nordeste parauara, que garantirá a manutenção das árvores por, no mínimo, 20 anos após a fase adulta.
Ao colocar no mesmo palco a discussão sobre logística eleitoral em tempos de eventos climáticos extremos, a governança da informação em ambiente digital e a sustentabilidade de práticas administrativas, o Verdemocracia traduz uma visão de futuro que preserva a tradição de segurança e celeridade da Justiça Eleitoral brasileira, ao mesmo tempo em que atualiza seus instrumentos para 2026. O fórum sinaliza que o planejamento para as próximas eleições passa, necessariamente, por uma Justiça Eleitoral mais resiliente às mudanças do clima, mais preparada para o ambiente informacional e mais comprometida com a proteção de direitos, tanto o do voto quanto ao à verdade.
A programação completa pode ser consultada no site oficial.
Foto em destaque: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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