Publicado em: 2 de setembro de 2025
O debate climático que antecede a COP30 ganha um novo reforço intelectual com o lançamento da segunda edição do livro “Amazônia e Ecofilosofia: Um sentido para o Futuro”, de autoria de Ricardo Albuquerque, procurador de justiça do Ministério Público do Pará (MPPA) e presidente da Amalep – Academia Maçônica de Letras do Pará. A obra será apresentada ao público no dia 18 de setembro, às 17 horas, no Auditório Fabrício Ramos Couto – CEAF, localizado na Rua João Diogo, nº 52, Cidade Velha, em Belém.
Segundo o autor, a Amazônia deve ser compreendida como uma resposta concreta aos dilemas contemporâneos das mudanças climáticas, causadas essencialmente pela ação humana. A obra busca demonstrar que não haverá futuro possível sem uma política de respeito à natureza, conceito central do que o autor chama de Ecofilosofia, uma reflexão filosófica que coloca a natureza no centro do debate atual.
Esta segunda edição revisada, publicada pela editora Dialética (São Paulo), incorpora novas informações científicas e atualiza a análise sobre a inevitável transição climática, destacando o papel das políticas públicas e a função estratégica do Ministério Público nesse cenário. Ricardo Albuquerque avalia que o meio ambiente sofre os impactos diretos da intervenção humana, distinguindo de forma enfática os processos naturais dos processos culturais e apontando o ser humano como único responsável pelo agravamento da crise climática.
A obra também chama atenção para os efeitos das transformações ambientais sobre ospovos tradicionais da Amazônia– indígenas, ribeirinhos e quilombolas –, bem como sobre as cidades modernas, muitas vezes construídas em desacordo com a harmonia necessária entre sociedade e natureza. Para o autor, a transição climática impõe igualmente uma transição social e jurídica, deslocando o olhar do antropocentrismo para o ecocentrismo, em um mundo que passa a se pensar como “planeta verde”.
No campo jurídico, o livro se propõe a ser um exercício de revisão crítica do Direito Ambiental e das legislações relacionadas aos megaprojetos de desenvolvimento que marcaram a Amazônia ao longo de décadas, deixando passivos e incertezas. A partir da jurisprudência, o autor indica caminhos para evitar novos desastres e propõe uma leitura que articula conceitos como Smartecologia, PIB verde e créditos de carbono, vinculando-os ao constitucionalismo ecológico e a uma visão da Terra como Gaia, em sua complexidade relacional.
Para além do viés jurídico e ambiental, a obra se afirma como um livro humano e reflexivo, atento aos impactos da Inteligência Artificial e da automação nos processos sociais, jurídicos e ambientais. Ricardo Albuquerque ressalta que essas transformações precisam ser reguladas e ponderadas sob a ótica da mudança inevitável e do equilíbrio necessário entre progresso tecnológico e limites ecológicos.
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