Publicado em: 18 de agosto de 2025
A rede pública de saúde de Belém implantou o protocolo de rastreamento do câncer do colo do útero por meio do exame molecular de DNA-HPV. O novo método, lançado nesta sexta-feira (15) na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Ilha do Combu, representa um avanço na política de prevenção e diagnóstico precoce da doença, uma das principais causas de morte entre mulheres no Brasil. Belém é a primeira capital do país a oferecer o exame.
A medida será inicialmente aplicada no Distrito Administrativo do Guamá (DAGUA), que compreende bairros como Jurunas, Guamá, Terra Firme e comunidades ribeirinhas como o Combu.
Diferente do Papanicolaou, exame tradicionalmente utilizado na prevenção do câncer do colo do útero, o teste de DNA-HPV identifica a presença do vírus antes que lesões se desenvolvam, permitindo o início precoce do acompanhamento e tratamento. Quando o resultado é negativo, o protocolo prevê um intervalo de cinco anos para a repetição do exame, o que reduz a frequência de coleta e a ansiedade entre as pacientes.
O protocolo inclui, em casos de resultado positivo, o encaminhamento imediato da paciente para atendimento especializado, por meio de uma estratégia articulada com o programa “Agora Tem Especialistas”. A iniciativa garante a realização de exames complementares, como colposcopia e biópsia, em tempo adequado para definição de condutas terapêuticas.
Segundo Lena Peres, assessora da Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, a atuação rápida é essencial. “Com a possibilidade de detectar o HPV antes de qualquer alteração visível no tecido, a agilidade no encaminhamento é decisiva. Essa é uma das forças do modelo adotado”, afirmou.
Durante o lançamento oficial na UBS Combu, foram entregues os primeiros kits de coleta do teste de DNA-HPV, que já começaram a ser utilizados nas mulheres da comunidade. A unidade passará a realizar o exame de forma rotineira, integrando ações de prevenção primária e secundária. A gerente da UBS, Tatiane Saraiva, destacou o impacto da iniciativa. “É uma resposta concreta à demanda das mulheres da região. Estamos unindo rastreio com acesso rápido ao cuidado.”
A proposta prevê que, até o fim do ano, todas as unidades do DAGUA estejam aptas a aplicar o protocolo. A medida atenderá a bairros marcados por altos índices de vulnerabilidade social e por dificuldades históricas de acesso a serviços especializados.
A adoção do teste de DNA-HPV está em consonância com a estratégia global da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabelece como meta eliminar o câncer do colo do útero como problema de saúde pública até 2030. O protocolo prevê tripé de ações: vacinação contra HPV, rastreamento com alta cobertura e tratamento eficaz de lesões.
A experiência de Belém será acompanhada pelo Ministério da Saúde como modelo piloto para, em seguida, ser replicada em outras cidades. “Este é um marco importante. A cidade assume papel central em uma política pública que busca salvar vidas por meio da ciência, da equidade e do acesso”, afirmou Lena Peres.
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