Publicado em: 8 de agosto de 2025
Uma das esperanças como fruto da COP-30, que acontecerá em Belém em novembro, é que grandes empresas alinhem suas estratégias de inovação e sustentabilidade à Amazônia. Nesse contexto, a Jornada Amazônia se propõe como um mecanismo de conexão entre o setor corporativo e a nova geração de empreendimentos voltados à bioeconomia da floresta. Criada em 2018, a plataforma desenvolve iniciativas que promovem o desenvolvimento econômico e social na região, mantendo a floresta em pé.
Idealizada pela Fundação CERTI, a Jornada Amazônia já apoiou mais de 300 negócios por meio de quatro programas principais: Gênese, Sinapse Bio, Sinergia e Sinergia Investimentos. Com foco na conservação ambiental e inclusão produtiva, a plataforma estrutura um pipeline de negócios inovadores, ao mesmo tempo em que promove a aproximação com empresas de grande porte interessadas em gerar impacto em escala.
“Há uma demanda clara por soluções sustentáveis com impacto real, e a Amazônia é um dos territórios mais estratégicos e férteis para isso”, afirma Janice Maciel, coordenadora executiva da Jornada Amazônia. “A Jornada permite que grandes empresas encontrem parceiros locais com capacidade técnica, inovação e propósito.”
Entre 2023 e junho de 2025, o programa Gênese impactou diretamente 2.704 pessoas nos estados da Amazônia Legal, promovendo uma cultura empreendedora voltada à bioeconomia. Já o Sinapse Bio induziu a criação e fortalecimento de 140 negócios desde 2023 e prevê a seleção de mais 60 ideias inovadoras até outubro de 2025, totalizando 200 negócios fortalecidos.
O programa Sinergia, voltado à tração de negócios, apoiou 74 empresas com atuação em diversas cadeias produtivas, como cacau, castanhas, frutas nativas, biotecnologia, fitofármacos e tecnologia da informação. Com nova edição prevista, o programa deverá alcançar o número de 100 empresas apoiadas. Na etapa mais avançada da plataforma, o Sinergia Investimentos, 18 startups já foram aceleradas, com destaque para foodtechs e greentechs, e mais 12 serão incluídas até o final de 2025.
“Conectar corporates à bioeconomia é uma forma de estruturar cadeias produtivas regenerativas, capazes de competir com alternativas predatórias como o desmatamento para commodities,” explica Marcos Da-Ré, diretor de Economia Verde da Fundação CERTI.
A Jornada atua com curadorias, assessoria técnica e estruturação de provas de conceito (POCs), que permitem às grandes empresas validar soluções antes de escalar investimentos. O mapeamento da plataforma identifica três perfis de interesse entre as corporates: demandantes de insumos (cosméticos, farmacêuticas, alimentos), desenvolvedores de soluções (tecnologia, logística, processamento) e investidores e fomentadores (fundos de impacto, corporate ventures).
A plataforma organiza o ecossistema de startups por setor, estágio e grau de maturidade, oferecendo visão estratégica e redução de riscos. A proposta é transformar o potencial da floresta em valor tangível, gerando impacto socioambiental, retorno financeiro e competitividade de mercado.
Além das conexões diretas com startups, a plataforma articula parcerias com iniciativas complementares, como o Biorama, voltado ao fortalecimento da base das cadeias produtivas, e a Plataforma Digital da Floresta, que integra ferramentas de logística, compra e venda, e previsão de safra de produtos da bioeconomia.
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