Publicado em: 7 de julho de 2025
O filósofo grego, Tales, da cidade Mileto, disse que ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio. A cada entrada o rio se transforma, assim como aquele que adentra em suas águas.
Somos seres mutantes, a vida e o tempo nos transformam, todos os dias, aprendemos com os dois, vida e tempo, que vivemos um baile de máscaras, com poucas oportunidades para usarmos nossa verdadeira face, assim disse o escritor tcheco Franz Kafka. Muitas coisas são patéticas, elaboradas por comportamentos, valores e vaidades, dentro de cada disfarce.
Os seres humanos precisam conviver com diferenças, pontos de vistas e com as dificuldades de seus semelhantes, mas a soberba é uma doença da própria personalidade e aqueles que mais pregam fidelidade são aqueles que mais traem.
Fernando Pessoa escreveu assim: “Nesta vida em que sou meu sono, não sou meu dono. Quem sou é quem me ignoro e vive através dessa névoa que sou eu. Todas as vidas que outrora tive, numa só vida, mar sou, baixo marulho ao alto rujo, mas minha cor vem do alto do meu céu e só me encontro quando de mim fujo.”
Somos o movimento de transformação de nós mesmo e de tudo o que nos circunda na própria evolução da vida. Tudo vai passando enquanto vai passando tudo, na medida dos movimentos da própria evolução pessoal.
Vivemos um mundo de passagem e somos passageiros em torno da própria experiência humana. A sétima extinção pode ser a da humanidade, nem sendo necessária a queda de qualquer asteroide, porque somos o próprio asteroide. Não nos damos conta de que somos limitados ou que as piramides do Egito não foram feitas em uma só dinastia. Esquecemos que tudo é passageiro e o que permanece é aquilo que não enxergamos.
Sobre a grandeza da alma, Fernando Pessoa falou da pequenez da mesma em relação as atitudes humanas. Falou também do Bojador no “Mar Português”, referindo-se ao alcance das conquistas com seus desafios significativos e êxitos através do enfrentamento da condição humana.
“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”, escreveu o mesmo Pessoa, referindo-se a valor ligado a grandeza da alma, conferindo importância aos sentimentos. Esse poema refere-se as perdas, dores e valores que experimentamos no curso da vida. Quem quer passar além do Bojador, terá que passar além da dor, vaticina o poeta.
Me ponho a pensar sobre o ciclo de vida dos prisioneiros dos campos de concentração do período nazista, nascidos livres, no seio de suas famílias, sonhos, alegrias e de repente se viram rotulados, presos e exterminados em nome de uma causa patética. A humanidade vem esquecendo de si própria, perdendo seus encantos, desprezando a oportunidade de se autoconhecer.
O tempo passa, as doenças chegam, envelhecemos, amamos, sofremos e depois partimos, ficando todos os nossos anseios, desejos, planos e aqueles que uma dia lembrarão dos nossos feitos.
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