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O dia amanheceu ainda mais conturbado em Belém do Pará. De madrugada as lideranças indígenas flagraram um ataque perpetrado por motociclistas completamente vestidos de preto e com capacetes para não serem reconhecidos, que arrancaram faixas e cartazes do movimento que ocupa há dez dias a sede da Secretaria de Estado de Educação.

Os caciques e cacicas estão muito bravos e estranham que estejam monitorados diuturnamente pelos Batalhões da Polícia Militar, cujo quartel general fica ao lado, mas a PMPA não tenha visto nem impedido o ataque. Perguntam a quem interessa o crime.

Por volta das 9h30 um oficial de justiça chegou na Seduc, acompanhado de um agente da Polícia Federal, para notificar o movimento acerca da decisão da juíza federal Lucyana Daibes. Os indígenas perguntaram em nome de quem está a intimação. Foram informados de que está em nome das lideranças. Os caciques retrucaram que todos são lideranças e como não está no nome de ninguém não tomariam ciência.

O caldo vai engrossar. Mais caravanas de etnias estão chegando a Belém.

Os indígenas são inimputáveis, não podem ser presos por desobediência a ordem judicial. Além do mais a Constituição Federal estatui a individualização da pena e a decisão judicial tem como destinatário um coletivo de etnias, sendo que todas são tuteladas pela Funai.

As estratégias de enfrentamento do governo são totalmente equivocadas e além do secretário de Educação, Rossieli Soares, a secretária de Estado dos Povos Indígenas também perdeu a credibilidade. O tempo dos indígenas é muito diferente, é outra cultura, eles têm uma noção muito peculiar de tudo, uma história de 525 anos de luta e resistência. E o movimento dos indígenas e professores tem o apoio da sociedade paraense, que vem se manifestando abertamente. Todas as entidades de defesa dos direitos humanos, como o Instituto Dom Azcona, SDDH, OAB, Comissão Nacional de Justiça e Paz da CNBB e dezenas de movimentos sociais estão presentes diariamente na Seduc.

O procurador da República Rafael Matias da Silva, do Ministério Público do Pará, já oficiou três vezes ao Governo do Pará recomendando que vá à Seduc ouvir os manifestantes e atender às reivindicações quanto a políticas públicas, mas sequer houve resposta.

A situação é complexa e o governo do Pará está cometendo uma sucessão de iniciativas desastradas , que só pioram o conflito. Agora os professores, em greve declarada, acabam de fechar a Av. Augusto Montenegro.

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