Em reunião da Comissão de Defesa da Primeira Infância, Criança e Adolescente da Assembleia Legislativa do Pará, ontem (2), a juíza Rubilene Silva Rosário, da 1ª Vara da Infância e Juventude de Belém, destacou que, paradoxalmente, locais onde crianças e adolescentes se sentem seguras costumam registrar maior número de crimes. “Sabemos que os crimes podem ser combatidos com campanhas de conscientização, mas é fundamental que essas iniciativas esclareçam às pessoas, às famílias e às crianças os riscos que podem enfrentar, ao invés de focarem apenas no que já ocorreu. A 1ª Vara da Infância e Juventude atua em escolas e locais frequentados por crianças, mas, infelizmente, crimes como esse acontecem justamente em lugares onde elas se sentem acolhidas. Precisamos intensificar os esforços para conscientizar os ambientes educacionais sobre a prevenção ao abuso sexual. É nossa responsabilidade garantir que as escolas saibam lidar adequadamente com esse tema” (ela se referiu ao recente estupro de um menino no shopping Boulevard Belém).
A delegada titular Danielle Ambrósio, da Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca-CPC), reforçou a importância de percepção crítica sobre a segurança em ambientes públicos. “As pessoas têm a ideia de que o shopping center é um ambiente seguro, e deveria ser, mas nem sempre é. Crianças, adolescentes e pessoas em geral, quando abordadas de forma estranha, entram em pânico. Foi o que ocorreu com a vítima no dia 31/10, quando foi interpelada. Assim que a Deaca foi acionada, agimos prontamente para proteger a vítima, com especial atenção à sua saúde física e emocional”, contou.
A delegada denunciou a falta de colaboração do shopping. “Solicitamos as imagens, mas houve um atraso significativo. Precisei ir pessoalmente três vezes até o local para pedir mais agilidade na entrega das filmagens com melhor nitidez e para solicitar a busca e apreensão do sistema de câmeras internas. O juiz da Vara de Inquérito e Medidas Cautelares compreendeu a gravidade da situação, o que nos permitiu identificar e prender o criminoso”, revelou. Isso sem contar o fato de que o shopping não instalou câmeras nas escadas, mesmo sabendo do terrível acontecimento.
A deputada Ana Cunha (PSDB), presidente da CDICA, conduziu a reunião, que teve a participação também da delegada Adriana Norat, diretora de atendimento a grupos vulneráveis; de Tarciara Martins Vilar, representante do Comando de Operações do Aeroporto Internacional de Belém; de Carolina Chaves, representante do Instituto Amarelinho; e de Tony Bonna, representante da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
Comentários