Os astronautas da NASA, Sunita Williams e Barry Wilmore, que deveriam passar apenas oito dias na Estação Espacial Internacional (ISS), completaram 154 dias em órbita devido a falhas técnicas no Boeing Starliner. As imagens recentes, principalmente de Suni Williams, de 59 anos, que exibem um aspecto visivelmente abatido e magro da astronauta e geraram uma onda de preocupação sobre a saúde dos dois, que enfrentam os intensos desafios físicos e psicológicos de uma longa permanência no espaço.
Williams e Wilmore chegaram à ISS em 6 de junho deste ano, quando o Boeing Starliner sofreu uma série de problemas técnicos, impedindo seu retorno à Terra. Desde então, ambos têm convivido com a microgravidade e as severas condições do espaço, incluindo dieta e exercício restritos, que afetam significativamente o corpo humano.
A imagem de Suni Williams, divulgada pela NASA, destaca sua aparência “surpreendentemente magra”, segundo observações do Dr. Vinay Gupta ao Daily Mail. “O que vemos na foto é o impacto das condições extremas do espaço no organismo, mesmo em ambientes pressurizados e controlados,” afirmou. Ele destacou que, em órbita, o corpo humano enfrenta desafios metabólicos e calóricos que exigem uma reposição constante de nutrientes para compensar o gasto energético elevado.
A ausência de gravidade faz com que os músculos e ossos dos astronautas percam densidade e força rapidamente, sendo os grupos musculares das costas, pescoço e pernas os mais afetados. Pesquisas anteriores com astronautas, como o estudo conduzido com Scott Kelly, que passou 340 dias na ISS, mostraram que a massa muscular pode diminuir até 30% em missões prolongadas, apesar dos 2,5 horas diárias de exercícios obrigatórios. Além disso, a perda de massa óssea pode atingir de 1 a 2% ao mês, aumentando o risco de fraturas e problemas de recuperação ao retornar à Terra.
A alimentação também é uma questão crítica. Em microgravidade, o corpo humano tende a gastar mais calorias, não apenas pela atividade física, mas devido às temperaturas controladas e às próprias condições adversas do ambiente espacial. A dieta dos astronautas, muitas vezes rica em alimentos de alto teor calórico, como embutidos, ainda pode resultar em déficit calórico significativo. Como explicou o Dr. Gupta, a perda de massa corporal é uma consequência previsível da dificuldade de equilibrar a demanda calórica com a ingestão de nutrientes em espaço confinado.
Outro efeito documentado em astronautas é o aumento do fluxo sanguíneo para a cabeça, que provoca mudanças na visão e no nervo óptico, um fenômeno conhecido como SANS (síndrome neuro-ocular associada ao voo espacial). A pressão na parte posterior dos olhos pode comprometer a visão, causando edemas e até alterações na estrutura do globo ocular. Kelly, ao retornar de sua longa missão, também apresentou diminuição na velocidade e precisão de seu desempenho cognitivo, um desafio na readaptação à gravidade terrestre que possivelmente envolve mudanças na conectividade neural.
A exposição prolongada à radiação espacial pode prejudicar o sistema imunológico dos astronautas, levando à redução de glóbulos brancos e aumentando a suscetibilidade a infecções. Em estudos realizados com Scott Kelly, constatou-se ainda que a radiação pode alterar o DNA, especificamente nos telômeros, estruturas que protegem os genes e tendem a encurtar com o envelhecimento. No entanto, pesquisas mostram que, em órbita, os telômeros aumentam, mas encurtam rapidamente após o retorno à Terra, embora o motivo exato dessa mudança ainda seja objeto de investigação científica.
A situação vivida por Butch Williams e Suni Wilmore na ISS é acompanhada com apreensão pela NASA e pela comunidade científica. Um retorno seguro e em boas condições físicas se tornou prioridade para a agência, que também terá de monitorar cuidadosamente a saúde dos astronautas após o retorno. Recentemente, uma tripulação que passou 200 dias em órbita retornou em um voo da SpaceX e foi atendida em uma emergência hospitalar devido aos efeitos prolongados da estadia no espaço.
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