0

A matéria do poeta “a que foi dado se perder de amor pelo seu semelhante” é a vida ? “e só a vida, com tudo o que ela tem de sórdida e de sublime”. Nada que é humano lhe é estranho. Uma sublimidade pejorativamente angélica cede lugar ao “sentimento da fecundidade da vida”. A fórmula viniciana de viver intensamente guarda, contudo, ressaibos da antiga sede de absoluto, ou qualquer coisa parecida: a consciência do insatisfatório, a certeza de que tudo afinal é pouco. Mas o poeta é um bicho da terra e opera no horizonte de suas experiências, de seu comércio humano, sem as moedas falsas de que trazia cheios os bolsos no começo de um caminho que se pretendia para a distância, mas não foi. Pouco importa o que se tenha, moralmente, ou metafisicamente, a dizer sobre a qualidade do espetáculo do mundo – Vinicius é um protagonista que não se esconde nos bastidores. Dá-se, empenha-se, age como age. Sua poética, como na vida, abre-se por isso cordial e fraterna.”
(Trecho de O caminho para o soneto, em que Otto Lara Resende analisa a poesia de Vinicius de Moraes).
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

No ar e nas bancas

Anterior

Poesia na veia

Próximo

Vocë pode gostar

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *