Publicado em: 14 de julho de 2010
Quando eu denunciei aqui e no Twitter a entrega da gestão de dois hospitais regionais à OS de Luiz Afonso Sefer, logo surgiram defesas apaixonadas apontando que a Organização Social está em nome de Ronaldo Sefer e Wilson Figueiredo Filho (irmão e cunhado, respectivamente, sendo que este é filho do secretário de Estado de Administração). Ou seja, o Pará inteiro sabe que a OS é de Luiz Afonso Sefer, pessoa inidônea, condenado por crime hediondo, mas a Sespa prefere ignorar o que é público e notório e se atém ao aspecto formal.
Para se ter uma ideia do laranjal que vem atuando criminosamente há anos no Estado do Pará, o recente depoimento de João Batista Ferreira, o Chico Ferreira, condenado como mandante do assassinato dos irmãos Novelino e envolvido em dez entre dez fraudes nos últimos vinte anos, é esclarecedor.
Em uma sequência arrepiante, ele revelou à Polícia Federal, no último dia 24 de maio, um poderoso esquema de tráfico de influência e corrupção que saqueou a administração pública paraense e que se perpetua em outros similares, com outros atores.
Eis um trecho:
“(…) Que o auditor do INSS Antonio Lúcio Martan de Melo convidou o declarante para abrir uma empresa de segurança, pois não conhecia o segmento, mas o mesmo em virtude de fiscalizar as empresas de vigilância e segurança disse conhecer a parte administrativa e financeira e neste período o declarante entrou em contato com o seu sogro, Wellington Fernandes Brasileiro, em Salvador, que conhecia a parte operacional de uma empresa de vigilância, em virtude que o mesmo trabalhava no segmento; que seu sogro veio a Belém e acertou que viria morar no estado do Pará para implantar a empresa; que neste período ficaram distribuídas assim as cotas da sociedade: Sra. Nilda, contadora do escritório da família Martan, com 33%; Jorge Ferreira Bastos, com 33%, Wellington Fernandes Brasileiro, com 33% e o declarante foi contratado como gerente comercial; que neste interim foi apresentado por Antonio Lúcio a Frederico Martan de Melo, auditor da Sefa e irmão de Antonio Lúcio para ser sócio oculto em virtude dos mesmos serem servidores públicos federais e estaduais e não poderem exercer outras atividades empresariais; que a empresa Tática Serviços de Segurança Ltda. começou a crescer no mercado; que devido ao Plano Cruzado, na época, a empresa Eurosul veio a quebrar; que no transcorrer da administração da empresa Tática o declarante detectou desvio de recursos financeiros da empresa pelo Sr. Frederico Martan de Melo; que o declarante comunicou o fato ao seu sogro e a seu irmão Jorge; que Antônio Martan e Frederico Martan indenizaram o Sr. Wellington Brasileiro e o declarante e seu irmão Jorge abriram mão de suas cotas e saíram sem nada da empresa; que o declarante nunca assinou nenhum cheque ou declaração em nome da empresa Tática; que seu irmão, advogado, José Clóvis Ferreira Bastos, não aceitou sair da empresa de mãos abanando; que seu irmão fez um acordo com Antônio e Frederico Martan e colocou o seu nome na sociedade empresarial, juntamente com Betânia, irmã de Antônio e Frederico; que a empresa começou a entrar em declínio e devido seu irmão Clóvis e a família ser do município de Marapanim, colocou na cabeça que gostaria de ser político, mais precisamente Prefeito de Marapanim, perdeu a primeira eleição, para prefeito e a segunda como candidato a vereador, e nesse período em que era candidato colocava pessoas para substituí-lo na empresa; que neste período o Sr. Frederico Martan colocou no quadro societário da empresa a sua amante; que a empresa veio a quebrar devido a dívidas fiscais, trabalhistas e previdenciárias; que neste período a amante de Frederico Martan, devido a separação, procurou a Polícia Federal e denunciou que o declarante fazia parte da empresa e usava a mesma como laranja; que em seguida a família Martan abriu a empresa Alfa Segurança Ltda., transferindo os contratos da empresa Tática para a empresa Alfa na qual usaram novamente duas pessoas, uma o seu ex-cunhado Élder Barbosa da Nóbrega e outro cujo nome não sabe declinar; que posteriormente, devido ao crescimento da empresa Alfa, a família Martan tirou os sócios e colocaram seu irmão de nome Luizinho e a esposa de Luizinho; que novamente a empresa veio a quebrar;(…)” (sic).
Vai precisar acontecer algum fato trágico para o contrato com a OS de Sefer ser cancelado?









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