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O Pará tem sido palco de muitas atrocidades. Saibam de mais esta: a gestante Liziane dos Santos Cantanhide, 19 anos, deu entrada no Hospital Municipal de Goianésia do Pará na madrugada da segunda-feira, 3, por volta das 5 horas, com muitas dores e sangramento.  Pariu um bebê de 5 meses no banheiro do hospital. A diretora, ao verificar que a criança estava morta, orientou o pai Josuel da Silva Santos, 18 anos, a retirar o cadáver e realizar o sepultamento.
Como a paciente continuava com muitas dores, aí é que verificaram que ainda existia outro bebê, em placenta separada. Foi então transferida para o Hospital Regional de Tucuruí, a 70 Km de distância, às 11 h já da terça-feira, 4.  Lá, foi encaminhada para a maternidade, e às 13 h deu à luz a uma menina, que ficou no Centro de Tratamento Intensivo e, pouco mais de 5 horas depois, faleceu, tendo sido levada ao necrotério do hospital, atrás do prédio, em local de acesso restrito.
O pai, que sepultava a primeira filha em Goianésia, recebeu a notícia da segunda perda. Ao chegar em Tucuruí foi informado de que o bebê permanecia na CTI com vida, e só à noite recebeu novamente informação do óbito.
O corpo da criança, com pouco mais de 12 centímetros, passou a madrugada na pedra do necrotério do HRT. Na manhã da quarta-feira, 5, ao providenciar o sepultamento da pequenina junto à irmã, os familiares foram informados de que o corpo tinha sumido do hospital. Assim, sem maiores explicações, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e ainda pediram paciência, informando que fariam sindicância para apurar o desaparecimento do cadáver da recém-nascida.
Josuel Santos foi à Seccional de Tucuruí e registrou ocorrência policial pedindo providências. O delegado Jivago Ferreira, responsável pelo inquérito, solicitou à direção do HRT todas as imagens das câmeras internas de segurança e o registro de acesso de pessoas ao necrotério. O principal suspeito é um empregado tercerizado que aparece na filmagem saindo do local com um saco nas mãos.
Entretanto, servidores do HRT, que não se identificam com medo de represálias, informaram que no local as portas sempre ficam abertas e sem qualquer segurança, e que é fato corriqueiro a presença de cachorros e gatos nas alas do hospital e no necrotério, o que suscita a possibilidade macabra de que o corpo da recém-nascida tanto pode ter sido furtado por alguém quanto devorado pelos animais.
Proliferam, em relação ao Hospital Regional de Tucuruí, denúncias de sucateamento. Há menos de 15 dias foi denunciado na imprensa o descarte de centenas de caixas de medicamentos no lixo atrás do HRT e das 3 autoclaves para esterização de instrumentos e material cirurgico que acabam de ser adquiridas, só uma dessas máquinas funciona, a menor delas.
Será possível que o governo do do Estado não vai agir? A situação do HRT, além de imensa importância para a saúde pública, já virou caso de polícia. Não dá para ignorar: as pessoas, agora, além de morrer, estão sumindo no dito hospital. Urge que o MP aja para salvar a população.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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