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Foto: Glenda Kauati
Glenda Kauati publicou a foto aí em cima: “Este é Átila, que quase perdeu a vida em um protesto contra o aumento da tarifa do transporte “público”, na capital paraense. Não! Não foi culpa de nenhum manifestante, mas sim da Ronda Tática Metropolitana, que agiu violentamente em um ato totalmente pacífico, espirrando gás de pimenta, tomando equipamentos fotográficos e intimidando os presentes no ato. O rapaz, que seguia filmando a manifestação, recebeu uma rasteira de um dos policiais e teve a sua câmera tomada. Outro policial também espirrou duas vezes gás de pimenta em seu rosto, que o fizeram passar muito mal e ter convulsões.”

A violência dos Black Blocks não pode de modo algum ser aceita pela sociedade como justificativa para cerceamento da liberdade de manifestação e expressão, tão duramente conquistadas. O exercício da cidadania há que ser garantido, de forma pacífica e livre, livre! 

É preciso que sejam apuradas as graves denúncias de manifestantes do Movimento Belém Livre quanto a atos de violência e omissão de socorro cometidos pela PM e agentes da Prefeitura durante o ato público, ontem, em Belém. Há dezenas de relatos na internet. Lúcio Ribeiro, do Movimento Belém Livre, testemunhou que a Rotam atirou pimenta nos manifestantes sem nenhum motivo e prendeu três pessoas. Um rapaz passou muito mal e estava agonizando na calçada. O estado dele era muito grave e todos todos temeram o pior. “Todos os policiais da Ronda Tática, GMB, PM, agentes da SEMOB… Todos eles negaram socorro à vítima. A TV Record estava lá, do outro lado, entrevistando o Coronel Rosinaldo, e o cinegrafista xingava alguns manifestantes dizendo que por causa da gente um colega da corporação morreu (se referia ao cinegrafista da Band, que faleceu no Rio). Outros homens, também da Rotam, riam da situação e sacudiam o spray de pimenta. Levaram os equipamentos dos manifestantes e quase não há imagens. Tudo ocorreu na Almirante Barroso com a Antônio Baena“, declarou. 

Grace Slick contou que o rapaz que estava agonizando em convulsão por causa do spray de pimenta já foi medicado e já foi liberado no PSM da 14 de Março: “Ele tem alergia e desmaiou várias vezes e entrou em convulsão no caminho até o Pronto-Socorro, ele foi atacado pela Rotam de forma covarde porque estava filmando, deram uma rasteira nele e jogaram muito gás de pimenta diretamente em seu rosto! Se ele tivesse sido preso poderia ter morrido no camburão!”

De acordo com o manifestante Paulo Sousa, “o rapaz é alérgico ao spray, e por isso teve convulsões e foi levado por outros manifestantes para o PSM. Mas já tivemos notícias de que ele está melhor. O rapaz estava
filmando e foi covardemente agredido pelos policiais da Rotam. E a polícia, mesmo vendo que o rapaz estava passando mal, não moveu uma palha para ajudá-lo. Os PMs partiram para cima da gente, sem que tivéssemos esboçado qualquer tipo de ação violenta. Dispararam spray de pimenta em todo mundo e apontaram armas na cara da gente. Além disso, três pessoas foram detidas injustamente, apenas por estarem se manifestando. Ficamos na frente da delegacia e só saímos de lá depois que eles foram liberados. No ato de ontem a violência ocorreu exclusivamente por parte da polícia.
Nenhum manifestante quebrou nada. Ninguém jogou pedra na polícia. Mas nós fomos brutalmente atacados, como se os criminosos fôssemos nós e não os canalhas do governo e os empresários gananciosos que, juntos, tramam o
aumento da passagem. Não somos criminosos. Somos pessoas indignadas e revoltadas com as arbitrariedades do Estado, que faz o que bem entende, explorando e oprimindo o povo. Nós somos o povo oprimido e por isso estamos nas ruas, e por isso gritamos, e por isso nos revoltamos. Não podemos nos intimidar com a violência policial. Não nos calaremos e da rua não sairemos!

Estavam presentes no ato a Rotam e
a Guarda Municipal de Belém (em número demasiadamente alto para apenas 50
manifestantes dos quase 200 policiais que estavam presentes), além de agentes da Semob.
Apesar do grande efetivo de homens da lei e da ordem, nenhum acudiu a vítima, que agonizava na calçada da Av. Almirante Barroso.
Seus amigos buscavam
desesperadamente por ajuda e precisaram recorrer a um veículo particular, uma
vez que o socorro médico não chegou. 
Átila foi atendido no PSM da 14 de Março
e passa bem. Felizmente não se tornou mais um dos que morreram em manifestações por todo o País,
como a gari Cleonice Vieira, atingida fatalmente em junho de 2013, em frente à Prefeitura de Belém.

Choramos a morte do cinegrafista da Band e a de Cleonice, assim como a perda de todas as vidas, principalmente por serem de trabalhadores dignos. Permitir que as mortes nas manifestações públicas sejam utilizadas para justificar a violência policial é assinar atestado de óbito da Democracia. A cidadania é livre, eis que é mansa e pacífica. Os agressores da cidadania e da Democracia – estes, sim – devem ser identificados e devidamente punidos e execrados.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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