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Agora se fala em Uber Bike com ares de grande novidade. Mas essa modalidade de transporte já existe há quase quarenta anos em Abaetetuba (do tupi-guarani, terra de homens fortes e valentes), cidade situada às margens do rio Maratauíra, ao nordeste do Pará, que tem traços culturais singulares, entre os quais o artesanato de miriti, a construção naval, a produção de aguardente (o que lhe rendeu a alcunha de “Terra da Cachaça”) e o batalho, que é nada menos que o transporte em bicicletas. 

É só chegar em Abaeté para notar que lá as magrelas têm a preferência da população local. No início da década de 1970, surgiram lá agências que alugavam bicicletas pelo período de uma hora. Quando a devolução acontecia antes do prazo acordado, os usuários solicitavam ao dono que alguém os levasse até suas respectivas casas, a título de compensação. Esse serviço era conhecido como “deixada”, assim também era possível entregar compras. Com o fim das agências, os condutores passaram a se denominar “batalhadores”. E hoje  são taxiclistas, operam organizados, com camisas padronizadas, no transporte de passageiros e cargas de todo tipo. 

Antigamente, quando o movimento era bom de manhã o batalhador não ia trabalhar à tarde, porque “_Já ganhemo o da bóia…“, e passava o cliente ao colega, pois “_ Este um ainda não fez nada hoje”. Tempos solidários engolidos pela competitividade capitalista.

E assim continuam a ganhar a vida levando os passageiros sentados na garupa forrada e com os pés sobre o “porta-pé”, para maior conforto do freguês. E viva a gente parauara!
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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