No próximo dia 6 de abril, acontecerá, em São Paulo, a 5ª edição da Caminhada do Silêncio pelas Vítimas de Violência do Estado, um dos mais significativos atos públicos em defesa da memória, verdade e justiça no Brasil. Com o lema “Ainda estamos aqui”, a mobilização deste ano é inspirada no filme de Walter Salles, vencedor do Oscar 2025 de Melhor Filme Estrangeiro, que retrata a trajetória de Eunice Paiva na busca por justiça após o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva, assassinado pela ditadura militar.
A concentração da caminhada terá início às 15h, em frente ao prédio que abrigou o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), localizado na Rua Tutóia, 921, na Vila Mariana. De lá, os manifestantes seguirão em marcha até o Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, nas imediações do Portão 10 do Parque Ibirapuera, também na zona sul da capital paulista.
Em um tempo de revisões históricas e debates sobre a responsabilidade do Estado brasileiro em violações de direitos humanos, a Caminhada do Silêncio deste ano assume um papel simbólico ainda mais relevante. O evento amplifica a luta de familiares de vítimas, ativistas e instituições pela reparação histórica e o enfrentamento da impunidade dos crimes cometidos durante o regime militar (1964–1985).
Vera Paiva, psicóloga, pesquisadora da USP e filha de Eunice e Rubens Paiva, é presença confirmada no ato. Também deve participar a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo.
A 5ª Caminhada do Silêncio é organizada pelo Movimento Vozes do Silêncio, por meio do Núcleo de Preservação da Memória Política, Instituto Vladimir Herzog e a OAB-SP, com o apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. O evento também conta com o apoio da UNE (União Nacional dos Estudantes), a Comissão Justiça e Paz de São Paulo, o coletivo Filhos e Netos Memória Verdade Justiça, a Coalizão Brasil Memória Verdade Justiça Reparação e Democracia, a Anistia Internacional Brasil e a Comissão Arns.
Desde 2023, o evento integra oficialmente o calendário da cidade de São Paulo, conforme estabelece a Lei nº 414/22, de autoria do vereador Antonio Donato (PT), que também apoia institucionalmente a iniciativa.
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