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Hoje, o Museu Paraense Emílio Goeldi completa 159 anos de existência. A mais antiga instituição científica da Amazônia é responsável por acervos de relevância mundial, combinando pesquisas nas áreas de ciências humanas e naturais, incorporando também os saberes indígenas e de comunidades tradicionais no processo de produção de conhecimento. Recebe mais de 400 mil visitantes por ano e é referência científica e cultural, além de símbolo do hábito secular dos moradores de Belém de frequentar centros de cultura e áreas verdes.

O projeto musical colaborativo Song Experiments, que lançou seu primeiro álbum, intitulado Song Experiments Vol. 1”, apresentou, entre as oito composições inéditas, a canção “Emilie”, criada em homenagem à cientista alemã Emilie Snethlage (1868–1929), pioneira na ornitologia brasileira e primeira mulher a dirigir uma instituição científica na América do Sul.

A música, composta no formato de balada pop, rememora a trajetória da pesquisadora que deixou a Alemanha para se dedicar à Amazônia, assumindo a direção do Museu Emílio Goeldi, onde liderou estudos fundamentais sobre biodiversidade. O lançamento do vídeo com a letra de Emilie será hoje, dia 6 de outubro, data em que o Museu Goeldi celebra seu aniversário, no canal do YouTube do projeto.

Emilie Snethlage viveu em Belém entre 1905 e 1929. Nesse período, revolucionou a pesquisa ornitológica no Brasil, descrevendo novas espécies de aves e liderando expedições por áreas ainda não exploradas. A canção menciona tanto sua residência próxima à baía quanto os esforços para manter o Museu Goeldi em funcionamento em meio a crises institucionais. A pressão da imprensa e as dificuldades constantes levaram-na a deixar Belém em 1922, mudando-se para o Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

No novo posto, percorreu diversas regiões do país e, em 1929, decidiu regressar à Amazônia em uma expedição no Rio Madeira. Foi em Porto Velho, durante esse trabalho de campo, que sofreu um ataque cardíaco fatal. Seu fim, nas florestas que tanto estudou, tornou-se parte de sua história.

Emilie Snethlage

“Esta música não apenas honra Emilie Snethlage, uma das grandes heroínas da ciência brasileira, mas também celebra todas as mulheres pesquisadoras de campo que dedicaram e dedicam suas vidas a descobrir e revelar a sociobiodiversidade do planeta”, afirma José Maria Cardoso da Silva, ornitólogo, professor da Universidade de Miami, natural de Belém e coautor da canção.

Além de Emilie, o disco traz outras sete faixas inéditas. O Song Experiments é um programa anual de criação colaborativa de músicas, concebido na Universidade de Miami, que conecta experiências humanas universais a diferentes tradições sonoras. O álbum de estreia reúne composições em inglês que abordam temas como sociedade, natureza e espiritualidade. Entre seus autores estão José Maria Cardoso da Silva, professor parauara da Universidade de Miami, a cantora Sam Velez, de raízes latino-americanas, e o jovem compositor Winston Thayer, de Minnesota.

José Maria Cardoso da Silva

Sam Velez

Winston Thayer

Escute “Emilie” e acompanhe a tradução para a língua portuguesa:

Emilie (tradução para o português)
José Maria Cardoso da Silva, Sam Velez e Winston Thayer
Correndo por campos vastos e abertos 
Sonhos de escapar do que o inverno traz 
Observando pássaros cruzarem o céu de outono 
Oh, como Emilie desejava poder voar
Sempre brilhando, ela nunca conseguia descansar 
Na escola da vida, ela passou nos testes 
Ela cresceu forte com um coração corajoso 
Navegou pelos mares, reivindicando um novo começo
Fazendo o que nunca foi feito antes 
Memórias cintilando como um sonho 
Seguindo os pássaros tão alto quanto eles voavam 
Como uma criança, ela se sentia tão livre
Vivendo em uma casa perto de uma baía tranquila 
Embora estivesse solitária, seu sorriso permanecia 
Seguindo rios para terras desconhecidas 
Um paraíso fugaz, que ela chamava de seu
Uma crise veio bater à sua porta 
Recebeu uma carta, que ela não pode ignorar 
Sentindo-se tão desamparada, tudo que fez foi chorar 
Emilie resolveu deixar do seu paraíso
Fazendo o que nunca foi feito antes 
Memórias cintilando como um sonho 
Seguindo os pássaros tão alto quanto eles voam 
Como uma criança, ela se sentia tão livre
Destruída, sua cabeça estava girando 
Na floresta, os pássaros estavam cantando 
Ela encontrou o lar de que tanto precisava 
Ela abriu suas asas e tocou o céu
Fazendo o que nunca foi feito antes 
Memórias cintilando como um sonho 
Seguindo os pássaros tão alto quanto eles voavam 
Como uma criança, ela se sentia tão livre

Imagens e mídias: MPEG/Song Experiments

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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