Há divergência quanto às primeiras incursões no território. Reza a tradição que o pioneiro no território de Abaetetuba foi Francisco de Azevedo Monteiro quando, em 1745, ali aportou com toda sua família, ao fugir de um temporal. Mas Palma Muniz afirma que a fundação de Abaeté se deu em 1750 e as primeiras incursões foram por volta de 1635, quando os padres capuchinhos vindos do Convento do Una, em Belém, após percorrerem os rios da região, juntaram-se a indígenas nômades e aos Jesuítas que exploraram o rio Uraenga ou Ararenga. O aglomerado foi chamado de “Samaúma” e, depois, batizado de “Beja” pelo governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Francisco de Azevedo Monteiro chegou a tomar posse desse território como proprietário de uma sesmaria, na beira do rio Maratauíra, num local protegido das marés pela ilha de Sirituba e nas proximidades do sítio Campompema e da Ilha da Pacoca, em 1724.
Nos seus primórdios era Abaeté, topônimo indígena que significa “homem forte e valente”, “homem da mata” ou “guerreiro da floresta”. Entretanto, por haver outra cidade brasileira com esse nome, em 1944 teve o nome alterado para Abaetetuba, também de origem tupi, que significa “lugar de homem ilustre”.
Quando criado o distrito, em 1750, Abaeté era parte do município de Belém. Pela lei n.º 118/1844, passou a pertencer a Igarapé-Miri. Por força da lei n.º 885/1877, voltou a ser Belém. Elevado à categoria de vila pela lei provincial n.º 973/1880, foi desmembrado de Belém e elevado à condição de cidade pela lei estadual n.º 334/1895. Porém, via Decreto n.º 6/1930, o município foi extinto e seu território anexado a Igarapé-Miri. Elevado novamente à categoria de município via lei estadual n.º 8/1935, através do Decreto-lei estadual n.º 4.505/1943 passou a ser denominado Abaetetuba.
O distrito de Beja foi o berço da colonização de Abaetetuba, típica cidade da Amazônia, banhada pelo rio Maratauíra (ou Meruú), afluente do rio Tocantins, detentora de patrimônio histórico, paisagístico e cultural digno de ser visitado e admirado. Belas e antigas igrejas, como a de São Miguel Arcanjo, na Vila de Beja, e a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, sede da Diocese de Abaetetuba, e outras mais modernas como a de Nossa Senhora de Nazaré e o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, uma das maiores do estado.
No passado, o município ficou conhecido como “Terra da Cachaça”, em razão da próspera indústria de aguardente de cana. Os Engenhos, no início do Século XX, eram contados às dezenas, imortalizado nos versos de Ruy Barata ao cantar “só lembrar da mardita me lembrei de Abaeté”.
Cidade-polo de uma região que abrange os municípios de Moju, Igarapé-Miri e Barcarena, Abaetetuba é a sétima mais populosa cidade do estado e tem localização estratégica, com fácil acesso aos portos de Belém e de Vila do Conde e ao sul do Pará, além de ser próxima ao Polo Industrial na Vila dos Cabanos.
O município é o segundo maior produtor de açaí, o terceiro maior produtor de bacuri e cupuaçu, e o maior produtor de manga no Pará. Outras culturas também marcam fortemente a agricultura abaetetubense, como mandioca, coco, miriti e bacaba. Mas é o miriti que simboliza não só a riqueza agroflorestal mas também a cultura de lá. Não se fala, por exemplo, de brinquedos, peças de decoração e de arte em miriti sem mencionar Abaetetuba e os mestres abaeteuaras. Não existe Círio de Nazaré em Belém, a maior manifestação religiosa do Brasil, sem os coloridos, leves e lindos barquinhos, animais, promesseiros e uma infinidade de criações em miniatura, todos em miriti de Abaetetuba.
De quebra, o município tem uma prefeita, Francineti Carvalho, abaeteuara nativa, mãe, mestra e doutoranda, que foi a primeira mulher a gerir os destinos de sua terra natal e que disputa o quarto mandato.
Comentários