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Nesta data nascia e morria a Rainha de Portugal: Florbela Espanca.
08.12.1894 -Vila Viçosa
08.12.1930 – Matosinhos.

PARA HOJE E SEMPRE

Ela foi a voz contra os patriarcas da poesia. Escrevia para amar o amor e não o amor a um homem.

Seus versos falam sempre do ardor de ser aquela que ao escrever descobre que a sua tarefa é a de rever o lugar da mulher no mundo.

Ela amava o amor de quem tem o amor como irmandade, fraternidade, sororidade; escrevia para entregar-se ao que sentia e não ao o que lhe diziam que tinha que sentir ou aceitar.

Seu pai era fotógrafo; sua mãe trazia o Conceição, nome que será o do dia em que nasceu – Flor Bela da Alma da Conceição Espanca – e no mesmo dia, em um oito de dezembro, trinta e seis anos depois, decidiu morrer.

Casou-se três vezes com o seu coração, não com um casamento ou com uma convenção.

Ela criou um alfabeto de tipos femininos em sua poesia: a Amante (ou a Amiga), a Bárbara, a Caridosa, a Deusa, a Eu, a Mãe, a Poetisa, a Florbela… a múltipla e una, a mulher moderna.

SONETO 1

Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo…
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho… E não sou nada!…

SONETO 2

Amiga
Deixa-me ser a tua amiga, Amor;
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor
A mais triste de todas as mulheres.


Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!
Beija-me as mãos, Amor, devagarinho…
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho…
Beija-mas bem!… Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos
Os beijos que sonhei pra minha boca!…

Benilton Cruz
Benilton Cruz é doutor em Teoria e História Literária, professor de alemão e do Curso de Letras-Português e Letras-Libras da UFRA, Campus Belém, autor dos livros: Olhar, verbo expressionista – O Expressionismo Alemão no romance “Amar, verbo intransitivo de Mário de Andrade; Moços & Poetas – Quatro Poetas na Amazônia - Ensaios Sobre Antônio Tavernard, Paulo Plínio Abreu, Mario Faustino e Max Martins; Espólios para uma Poética – Lusitanias Modernistas em Mário de Andrade; pesquisador e perito forense, editor do blog Amazônia do Ben; editor do Canal de Poemas No Meio do Teu Coração Há um Rio, no Youtube. Diretor da Academia Maçônica de Letras do Estado do Pará; e membro eleito da Academia Paraense de Letras.

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