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Nossa espécie moderna, Homo Sapiens, evoluiu a partir de ancestrais comuns e nossa diversidade foi o resultado de adaptações a diferentes condicionamentos ambientais.

Nossa racionalidade foi se abrindo para a emotividade no decorrer do desenvolvimento humano, mas até hoje assumimos comportamentos conflituosos e paradoxais que nos caracterizam como construtores e destruidores ao mesmo tempo de muitas situações que movimentam nosso anfiteatro existencial. 

Por nossas características, já conseguimos pisar na lua, avistar exoplanetas com prováveis existências de vida e inventar a inteligência artificial. Contudo, fomos capazes, também, de inventar a escravidão, provocar guerras mundiais, inventar bombas nucleares e causar genocídios.   

Organizamos os direitos humanos de uma forma exclusivista, esquecendo de incluir outras dimensões que se ligam a estrutura da humanidade como a preservação ambiental. 

Nossa antiguidade registra batalhas sangrentas e nossa modernidade a morte de um milhão e quinhentos mil armênios, e outros quinhentos deportados para o império Turco-Otomano na Primeira Guerra Mundial (1915 a 1917). Na guerra de Holodomor (1932 a 1933), promovida pela União Soviética, 03 milhões de ucranianos foram mortos e outros milhares no atual conflito contra a Rússia.

A segunda guerra mundial (1939 a 1945), exterminou seis milhões de judeus, 500 mil ciganos e membros de diversas etnias e outras mortes em tragédias como as do Camboja e do Timor-Leste em 1975, Ruanda em 1994 e Bósnia em 1992.

A eterna guerra Palestina-Israel, iniciada em 1948, totaliza milhares de palestinos e israelenses mortos num conflito que até hoje perdura.

A Conquista das Américas, a partir de 1492, foi um dos maiores exemplos de extermínio humano. Segundo os historiadores, provavelmente 90% de 80 milhões de índios foram massacrados e assassinados. Havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Em território brasileiro por volta de 05 milhões. Atualmente por volta de penas 400 mil índios ocupam o território brasileiro. Boa parte de 200 etnias indígenas e 170 línguas não mais existem.

São fatos que reforçam a indagação do que realmente representamos nesta existência? Nossa espécie se desenvolve tentando sobreviver, mas nossas ações ultrapassam o próprio desenvolvimento que ameaça destruir a humanidade, atingindo seu maior patamar de sustentabilidade: o clima do planeta.

Somos todos seres vivos, dependentes do meio ambiente existente na terra, desde quando o mundo começou a aquecer. Nossa era foi a mais propícia para o desenvolvimento da vida no planeta, mas assustadoramente estamos transformando esse privilégio em uma fase perigosa relacionada à sobrevivência da vida no mundo que habitamos.   

Somos os maiores predadores do planeta, descobrindo outras vidas fora do sistema interplanetário, mas ao mesmo tempo extinguindo a existente em dentro da nossa própria casa. Dependemos das reservas que ainda se encontram em nosso planeta habitado e precisamos criar soluções urgentes para que os nossos descendentes possam completar os passos da preservação da espécie.

Ernane Malato
Ernane Malato é escritor, jurista, humanista, mestre e doutorando em Direitos Humanos pela PUC/SP e FADISP/SP, professor e pesquisador da Amazônia em diversas áreas sociais e científicas no Brasil e no exterior, membro das Academias Paraenses de Letras, Letras Jurídicas, Jornalismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Pará, atualmente exercendo as funções de Cônsul Honorário da República Tcheca na Amazônia.

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