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O Holoceno é a nossa atual época geológica que começou há aproximadamente 11.700 anos atrás, caracterizado por um clima estável, marcando o fim da última era glacial.
Foi nesse período que ocorreu o o surgimento das civilizações humanas e o desenvolvimento da agricultura, depois que saímos do continente africano para outros lugares, tornando-nos os predadores mais perigosos do planeta.
Contribuímos para a extinção global de muitos animais e poderíamos ter abreviado até a nossa própria existência, se não fosse o nosso rompimento com a incerteza da atividade de caçadores-coletores, formando alianças com a natureza, especialmente com as plantas. Aprendemos a plantá-las e a colher seus benefícios, produzindo alimentos para nossa sobrevivência.
Depois desse domínio vegetal, dominamos o animal, mudando radicalmente nosso estilo de vida, inventando a agricultura, domesticando seres, conquistando a natureza e aprendendo a nos relacionar com o trabalho, tornando a sociedade mais complexa.
Ao mesmo tempo que domamos a natureza, nos colocamos acima dela e lamentavelmente a exploramos de modo severo e prejudicial. Nossos domínios mudaram a nossa existência e sobrevivência, mas nossa inteligência proporcionou muito mais do esperado, foi além do próprio bem estar do planeta flertando, lamentavelmente, com a sexta extinção em massa.
Não seria pelo fato de termos chegados até aqui com tais conquistas, alterando a nossa realidade, nem pelo fato de termos dizimado outras espécies. Não seria, também, pelo fato de continuarmos emitindo dióxido de carbono, provocando o aquecimento global.
Nem, tampouco, por estarmos acidificando os oceanos, destruindo o equilíbrio ambiental e alterando a vida existente do planeta, ou mesmo estar causando eventos climáticos extremos, submetendo o planeta aos primórdios das eras nocivas. Seria, certamente, pelo fato de continuarmos fazendo todas essas coisas num só tempo e em alta velocidade.
Durante 500 milhões de anos tivemos cinco extinções em massa provocadas por catástrofes, com diminuição drástica da biodiversidade. A sexta pode estar a caminho, sendo considerada por cientistas como a mais devastadora desde a que extinguiu os dinossauros. Lamentavelmente a catástrofe da sexta extinção é o próprio ser humano.
Estamos diante de uma triste realidade que só a nossa inteligência poderá encontrar solução. Pela característica da racionalidade, nossa espécie possui a compreensão dessa realidade e a importância da reversão desse quadro. Estamos escrevendo o futuro e devíamos sempre lembrar que a vida é a coisa mais importante da nossa existência.
Estamos sempre diante das extinções, com desaparecimentos de algumas espécies do planeta, mas a extinção em massa, sobretudo a da própria espécie, é um grande questionamento existencial.
Esse grande desafio nos oferece a oportunidade de enfrentar um dilema fundamental em nossas vidas: qual o significado do ser humano e da própria vida neste grandioso e generoso planeta? Quem verdadeiramente somos e o que estamos fazendo com a nossa representação humana?

Ernane Malato
Ernane Malato é escritor, jurista, humanista, mestre e doutorando em Direitos Humanos pela PUC/SP e FADISP/SP, professor e pesquisador da Amazônia em diversas áreas sociais e científicas no Brasil e no exterior, membro das Academias Paraenses de Letras, Letras Jurídicas, Jornalismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Pará, atualmente exercendo as funções de Cônsul Honorário da República Tcheca na Amazônia.

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