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O julgamento de Regivaldo Galvão, o Taradão, acusado de mandar matar a missionária Dorothy Stang, promete revelações bombásticas, nesta sexta-feira. O promotor de Justiça Edson Cardoso de Souza tem na manga uma carta decisiva: Roniery Bezerra Lopes, que entre janeiro de 2007 e dezembro de 2008 foi gerente de oito propriedades que Taradão diz não possuir e que estão em nome de laranjas.

A morte de Irmã Dorothy está relacionada com operações milionárias e ilegais que envolvem políticos e empresários do Estado, suspeitos de usar terras griladas para promover fraudes e desviar recursos públicos dos cofres da Sudam. Ela tinha documentos que comprometem muita gente importante.

Em seu depoimento ao Tribunal do Júri, Roniery vai contar que recebeu cabeças de gado como pagamento de dívidas que ligam o Lote 55, local do crime, a uma tentativa de fraude na Sudam. O pagador foi Laudelino Délio Fernandes, atual vice-prefeito de Anapu, que precisava acertar contas com Regivaldo Galvão. Outro sócio, José William, até hoje se recusa a repassar documentos de terra a Taradão, alegando que não recebeu o combinado.

Parte da tenebrosa história estourou em 2000, num escândalo contra as finanças públicas em que alguns personagens foram parar na prisão. Mas as terras continuam a mover pedras. Cada lote – e há mais de 10 já identificados – vale R$ 4,5 milhões e Taradão tem se virado a fim de tomar posse delas.

Arrolado como testemunha de acusação num processo anterior, em que Taradão responde pela acusação de estelionato, grilagem de terra e falsificação de documentos, em novembro de 2009, horas depois de ser intimado a depor, Roniery e sua mulher levaram cinco tiros, que provocaram ferimentos graves ao casal. A testemunha vive escondida e com medo de ser eliminada.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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