“Quem galopa em noturna tardança?”
O brasileiro já está em clima de copa do mundo com a possibilidade de levar o Oscar nas categorias indicadas para o filme Ainda Estou Aqui. O assunto já tomou conta das ruas. Está na boca do povo! Mesmo o brasileiro que não frequenta as salas de cinema, esse, da luta cotidiana pela sobrevivência, sem letras e artes, já colocou a camisa verde-amarela na estatueta.
“Minha terra tem palmeiras”…
Então? Será que o Brasil leva o tal Oscar? Veja bem, a estas alturas, o Brasil já metonimizou as 3 indicações ao prêmio. Desculpem aí, senhor Walter Salles e senhora Fernanda Torres, mas o prêmio, se vier, deverá ser dividido com toda a gente que está envolvida nesse sentimento de brasilidade que, de vez em quando, imanta o povo brasileiro em torno de uma disputa por um prêmio capaz de traduzir o tamanho da nossa nação.
“Oh! Não me chame coração de gelo!”
O vocabulário sobre o povo brasileiro se expande, para dizermos que é uma gente gregária, que possui enorme capacidade para se unir, para confraternizar, para se juntar a outros em torno de uma causa. Assim é que milhões de nós já se unem e se engajam à campanha pelo filme brasileiro no ambiente digital e na vida real.
“Eu sonho o firmamento da tua alma”.
É a nossa língua, a língua de Camões e de Almeida Garrett; é a “última flor do Lácio, imculta e bela” que está lá nas telas do mundo, fazendo ouvir o som de nossas canções de ninar; nossas “angústias relvadas”. É nosso patrimônio imaterial e nossa história a correr pelos cantos de um mundo redondo.
“Eu tive um sonho que não era em todo um sonho”.
De vez em quando a alma do brasileiro vira tempestade e transborda pelas torneiras da face. O açoite a esta gente multicolorida escorraçada, deglutida e excretada do recinto, como se fosse animal perigoso, deixa cair os ombros e os pulmões que suportam o mundo, quando vimos nosso irmão acorrentado e algemado, embutido em pássaros voadores de metal, de volta às terras que Cabral encontrou quando fugia de Adamastor. É doloroso assistir ao expurgo deste povo, que a todos os outros povos acolhe em sua pátria mãe gentil…
“Dentro de mim mora um grito!”
Mas o brasileiro tem as manhas do plot twist; é versado na arte de refazer a vida, quando excretado pela porta dos fundos das vicissitudes. Logo, logo nossos brazucas que foram evacuados da pátria dourada de Walt Whitman e de Sylvia Plath estarão refeitos, junto com os seus, calçando as chuteiras verde-amarelas e torcendo pelo Oscar do Brasil: o Oscar canarinho.
Ser brasileiro não é uma nacionalidade: é um estilo de vida; um sentimento.
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