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                                       Representação de rosto. Foto João Aires/Museu Goeldi

Panorâmica do sítio arqueológico. Foto João Aires/MPEG

   Atracação de barco. Foto: doutora Edithe Pereira

Em 1998, os arqueólogos mineiros Alenice Baeta e Fabiano de Paula descreveram um sítio arqueológico em Terra Santa. Na praia em frente à cidade, o que parece um simples conjunto de blocos rochosos na verdade guarda uma série de gravuras rupestres, com cerca de 15 representações de rostos, de acordo com Edithe Pereira, arqueóloga do Museu Paraense Emílio Goeldi, que acaba de retornar de uma visita técnica à região.
Sítios como esse são comuns na Amazônia: submersos no período das cheias, aparecem na estiagem, quando podem ser documentados e pesquisados. Mas, apesar do longo período sob as águas, ainda assim correm riscos pela ação humana.
É o que está acontecendo em Terra Santa: como o sítio é junto ao trapiche local, muitos barcos usam as pedras para atracar. Sem sinalização, batem nelas, o que deteriora o material. Os danos já estão comprovados: em foto tirada em 1998, havia uma inscrição que hoje não existe mais. Para evitar o sumiço das peças preciosas, Edithe já pediu proteção ao Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN).
Desde 2000, o Museu Goeldi faz estudo e salvamento dos sítios arqueológicos existentes na região de Porto Trombetas, em Oriximiná. Nessa época, o sítio Mussurá, que depende do fluxo das águas do rio Trombetas para vir à luz, passou a despertar interesse dos pesquisadores da instituição. 
Em artigo publicado sobre essa pesquisa, Edithe Pereira relata mais de sete anos de espera, até que o nível das águas do rio Trombetas baixasse a ponto de expor as gravuras pré-históricas, para que pudessem ser documentadas e estudadas. Como isso não aconteceu, em 2004, de modo pioneiro, a documentação do sítio foi realizada sob a água, em parceria com arqueólogos mergulhadores do Centro de Estudos de Arqueologia Náutica e Subaquática da Universidade Estadual de Campinas, e se tornou o primeiro trabalho de documentação submersa de sítio com arte rupestre no mundo.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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