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O secretário Kleber Menezes e técnicos na ponte Almir Gabriel
Quando se pensa que nada pode piorar ainda mais o trânsito na BR-316, no trecho em Marituba(PA), lá vem mais uma medida daquelas que se pode classificar como um “mal necessário”. A Setran, o Detran-PA e a Polícia Rodoviária do Pará começam no próximo dia 3 de janeiro a manutenção preventiva dos cabos de aço que sustentam um trecho de 600 metros da ponte estaiada sobre o rio Guamá, da Alça Viária, na PA-483. O serviço não vai parar totalmente o tráfego de veículos, mas exigirá suspensões de 30 minutos cada ao longo do dia. A primeira parada é das 8:30h às 9h. Depois, até o por do sol, dependendo das condições do tempo, poderão ser feitas até cinco suspensões, sempre com duração de meia hora. Claro que pode – e certamente vai, como em toda obra – acontecer de ser preciso esticar mais esse horário. Em média, cerca de três mil carros passam por dia no local, aproximadamente 150 veículos por hora. Como rota de fuga há duas opções: a balsa que faz a travessia até Barcarena e o desvio pela BR-010 (Belém-Brasília) até o porto de Vila do Conde. É bom avisar que esta segunda alternativa aumenta em cerca de 200 Km a distância a ser percorrida. 

O serviço vai ser executado no período de 13 meses. Note-se que vai coincidir a partir de julho com as obras do BRT intermunicipal, o que já dá a ideia exata dos engarrafamentos quilométricos que estão por vir diariamente. O inferno de Dante será brincadeira perto desse cenário. Quem puder passar uma temporada fora desse circuito ou tiver dinheiro para andar de helicóptero, aproveite. 

Se o trabalho fosse ininterrupto, com fechamento total do tráfego na ponte, a obra demoraria cerca de quatro meses, mas os transtornos para os usuários seriam incalculáveis, explicou o secretário de Estado de Transportes, Kleber Menezes, em entrevista coletiva hoje de manhã, ao lado do diretor de Operações do Detran, Walmero Costa, e do comandante da PRE, tenente-coronel Sérgio Fialho. 

A ponte estaiada sobre o rio Guamá, com 1.976,8 metros de extensão, é o elemento principal do Sistema de Integração do Pará/Alça Viária, que inclui um anel viário entre as rodovias BR-316 e PA-151, além de outras três pontes – sobre o rio Acará e duas sobre o rio Moju – e melhorias nas rodovias BR-316, PA-151 e PA-252, ao custo, na época, de R$ 190 milhões. 

A ponte é o símbolo do complexo rodoviário de Belém, inserindo a capital paraense num seleto roteiro de pontes-monumento, ao lado de cidades como Brasília, que tem a ponte JK, e São Paulo, com a ponte Octávio Frias. Ela atua como elemento central das conexões viárias entre Belém e as regiões vizinhas. Executada em estrutura convencional, tem 152 estais, sendo 40 pares no vão central e 18 pares nos vãos adjacentes. O vão estaiado é de 582,4 m. A largura no trecho convencional é de 12,40 m e no trecho estaiado de 14,20 m. Os passeios laterais chegam a 1,5 m e a pista, em mão dupla, 7 metros, sendo 3 m e meio para cada faixa de tráfego.
Duas torres atingem a altura de 100 m – similar à de um edifício de 30 andares. 
Cada estai será retirado, inspecionado, submetido a testes e reaproveitado após manutenção ou trocado em caso de dano. Trata-se de operação que exige o cumprimento de protocolos de segurança específicos e tecnologia avançada, cuja execução é recomendada a cada intervalo de 10 a 15 anos. Inaugurada em 2002, a ponte Almir Gabriel completou 14 anos em setembro.

Para vencer os quase 2 Km de largura do rio Guamá, a ponte estaiada tem vão central de 320 m de extensão e vãos laterais também estaiados de 132,35 m. O mastro de estaiamento é formado por duas torres de 76,2 m de altura, contraventadas por meio de vigas de concreto. Para resistir aos esforços dos estais, a seção do mastro foi protendida e suas faces transversais externas foram reforçadas com aço, limitando a abertura de fissuras. Os estais são compostos por 12 a 61 cordoalhas paralelas e protegidos por bainha rígida e tubo antivandalismo colocado a 2,5 m acima do tabuleiro. As fundações foram executadas com estacas pré-moldadas para atingir até 60 m de profundidade. 

A parte preliminar da obra está em execução há três meses. Nove estais já foram alterados e até o dia 3 de janeiro serão 11. A recomendação da Setran, Detran e PRE é de que a velocidade máxima no perímetro não estaiado da ponte seja de 40 Km/h e ao longo dos 600 metros atirantados a velocidade caia para 20 Km/h. A carga máxima permitida é de 8.2 toneladas por eixo, como já é fixado na legislação de trânsito. 

Conforme dados do Detran, o índice de acidentes causados pelo excesso de velocidade na ponte Almir Gabriel é grande. Oito agentes com radares estarão a postos para autuar os infratores, assim como equipes para a orientação dos motoristas. A PRE atuará com dez homens, diariamente. Os acessos nos dois lados terão reforço de sinalização vertical indicando os limites de peso e velocidade. O policiamento se manterá durante 24 horas em diversas situações, na ponte e nas proximidades onde devem se formar filas. 
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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